LAMENTAÇÕES PARA 2011

Mais um ano se passa! Muitos tentam contabilizar o que passou para detectar os erros e acertos. Os acertos para continuarem, os erros para exterminarem. Com isso fazem promessas à família, aos amigos, à igreja e a Deus sobre as novas atitudes para o ano que vem. São as dietas, os exercícios físicos, a leitura da Bíblia, a atuação em um ministério, o estudo mais apurado etc. Quero dizer que tais promessas para o novo período que se aproxima são válidas, todavia não sei se serão exeqüíveis. Muitos compromissos são abandonados ainda em fevereiro. Como somos levianos!

Mas de duas coisas eu tenho convicção nessa transição entre 2010 e 2011, são as certezas do profeta Jeremias descritas em Lamentações 3 com relação às promessas do Senhor, essas nunca falham.

A primeira é: se chegamos até aqui, tudo ocorreu pelas misericórdias do Senhor, pois as misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim (Lamentações 3: 22). Se vivemos, se estivemos bem em nossa casa, se tivemos o nossos sustento para o alimento e roupas, se estivemos salvos da morte eterna, tudo aconteceu por causa das misericórdias do Senhor.

A segunda: estas misericórdias me acompanharão ao longo do ano que se aproximas, pois as misericórdias do SENHOR renovam-se cada manhã (Lamentações 3: 23). Posso sossegar o meu coração ao saber que estarei sempre nas mãos de um Pai que me ama e que busca sempre o meu bem.

Portanto, sabendo que a fidelidade do Senhor é grande (Lamentações 3: 23), não tenho o que temer. Minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele (Lamentações 3: 24).

A todos os meus caríssimos leitores, um feliz 2011 sob misericórdias do Senhor!

Sola Scriptura

A GASTANÇA CONTINUA!

Mal publiquei sobre a vergonha dos gastos em campanhas políticas e ocorre mais uma vinda dos nobres parlamentares. Um aumento mais que abusivo de 62% nos já generosos salários de deputados e senadores da república. Não sou contra o aumento em si, pois há quatro anos que os nobres não reajustavam seus ganhos. Mas quadruplicar o índice inflacionário é, no mínimo, falta de bom senso.

Ser parlamentar no Brasil é um sonho de qualquer cidadão do mundo. Legislam sempre de si para si, possuem fórum privilegiado, recebem uma ajuda de custo que vai além do aceitável, além de exercerem o direito de reajustar os próprios salários. Podem até se esconder na legalidade, mas, como dizem por aí, nem sempre o legal é moral.

Repito, não sou contra o reajuste, é um direito de cada trabalhador. O problema é a discrepância entre os nobres do panteão parlamentário e os assalariados que mitigam o sofrimento com os malabarismos financeiros, pois não é fácil possuir moradia, saúde, educação, alimentação, vestimenta e entretenimento com um salário de R$ 532,00. Pertencer à grande massa de aposentados no Brasil é como viver em um limbo social. Não dá para negar que temos uma massa popular da Guiné Bissau, enquanto os nobres políticos são do Coveite.

Mas por que os nobres coveitianos agem dessa maneira? Seriam eles uma anomalia cultural? Seriam alienígenas vivendo entre os brasileiros? Claro que não. Há dois aspectos que devem ser considerados: o primeiro é a condição geral de cada ser humano, ou seja, a depravação total que está alojada na natureza humana. O coração dos indivíduos é desesperadamente corrupto, logo, a amoralidade decorre da natureza depravada peculiar a cada um.

Em segundo lugar, há o ambiente cultural favorável a este comportamento. Infelizmente a cultura geral do Brasil é oportunista e amoral, afinal, quem não gosta de tirar vantagem em tudo? O mesmo espírito que arranca o carro quando ainda o sinal está vermelho, ou que estaciona o veículo no espaço do cadeirante ou em plena calçada sem considerar os transeuntes, ou que não emite cupom fiscal, ou que cobra para que alguém estacione em lugar público, ou que pede propina para que a tramitação de um documento seja destravada, ou que invade um prédio público sentindo-se no direito de danificar o bem público, ou que distribui mesas de bar na calçada para favorecer o lucro em detrimento do direito público etc. etc., este mesmo espírito paira em Brasília nas decisões que favorecem o que decide em detrimento do restante da população.

É claro que seria leviano generalizar, pois eu acredito que há homens públicos decentes que discordam da farra financeira, mas o que constatamos é a grande maioria articuladora ou conivente com os atos desavergonhados.

A solução para isto encontra-se apenas na ética do Evangelho, o único poder para tornar decente o indivíduo e para moralizar uma cultura tão pervertida. Somente o poder do Senhor Deus para mudar esta realidade e alinhar o Brasil aos países cuja cultura geral é rígida e decorosa. Aliás, diga-se de passagem, duas características ausentes na maioria parlamentar do nosso país.

Sola Scriptura

A GASTANÇA DA CAMPANHA

Com as devidas exceções, o Brasil sempre é destaque naquilo que traz constrangimento e indignação. Um exemplo triste foi a gastança sem limites nas campanhas eleitorais que elegeram a presidenta da república, senadores e deputados. Foram as maiores do mundo ocidental.

Segundo fontes do STE, São Paulo foi o campeão nos gastos absolutos. Foram mais de R$ 480 milhões torrados na campanha dos 2.552 candidatos. A segunda campanha mais cara ocorreu em Minas Gerais com uma despesa total que ultrapassou os R$ 330 milhões. Juntos, os maiores colégios eleitorais do Brasil somam a quantia de R$ 818,69 milhões gastos para simplesmente influenciar os eleitores.

O estado que menos gastou foi o Amapá com os seus R$ 12, 13 milhões. O meu estado, o de Roraima, bateu recorde de gasto por eleitor registrado, cerca de R$ 96, 30 para cada um, somando um total de R$ 26, 18 milhões.

Qual a sensação que resta diante de cifras tão generosas para pessoas que, em sua maioria, preocupam-se apenas com a detenção do poder e do status privilegiado? O Brasil ainda geme quando o assunto é o aumento do salário mínimo ou as políticas públicas tão aquém do decente. Por outro lado, brada quando o assunto são os privilégios políticos com os seus aumentos de salários, verbas de gabinete, auxílio isso, auxílio aquilo, além dos gastos pessoais com campanhas. Até mesmo os políticos e candidatos estadunidenses ficam boquiabertos ao saberem quanto custa convencer um eleitor abaixo da linha do equador.

Diante do exposto surgem duas perguntas: de quem é a culpa? O que podemos fazer como crentes? Quero responder tais indagações da seguinte forma:

1. A culpa é de todos nós. Isso mesmo, pois não há uma ação efetiva por parte da população para reverter os ultra–privilégios que passam constantemente diante do nosso nariz. Aliás, a ganância, o embuste e o tirar proveito são partes indeléveis da macro-cultura brasileira. O vício miserável de se utilizar da coisa pública em benefício próprio está presentes nas calçadas, nos estacionamentos, nos caixas das panificadoras, ou seja, sempre há um engraçadinho cobrando pelo estacionamento público enquanto o seu Manoel da padaria nunca emite um cupom fiscal pela venda de seus pãezinhos. Enquanto não houver uma conscientização na base, e isso só pode existir por meio de uma educação mais reflexiva e menos decorativa, nada mudará no panteão parlamentário.

2. Nossa atuação começa nas pequenas coisas, nos pequenos gestos. Experimente apenas obedecer àquilo que as Escrituras ordenam. Seja um cidadão exemplar que não ultrapassa o limite de velocidade no trânsito, não sonega impostos, não tira vantagem de nada, seja santo como cidadão. Somente assim você terá autoridade para intercedermos pela nação e seus dirigentes para que a maldita cultura da corrupção seja dirimida. Se você deseja um mundo mais limpo, varra o seu quintal. Se você deseja um país mais decente,  exercite o seu dever como cidadão.

Sinceramente eu espero copiosamente que o Brasil mude enquanto ainda estou nessa terra. Espero ver a justiça pelo menos ser motivo de temor sobre os que se insurgem contra a lei. Neste caso, espero que as próximas eleições tenham sobre si limites rígidos quanto ao que cada candidato poderá gastar para que não sejamos como aqueles que deixam metade do filé mignon no prato enquanto muitos catam a sua refeição no latão de lixo. Viva a ética, abaixo a imoralidade!

Sola Scriptura

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA



A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.

Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.

Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 (veja aqui) e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs.Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro. Para ampla divulgação.

UMA MULHER NA PRESIDÊNCIA?


O assunto tratado aqui é controverso no debate teológico. Não há consenso até mesmo entre os teólogos reformados. Refiro-me ao fato de uma pessoa do sexo feminino exercer autoridade civil sobre uma nação. Muitos concordam que a Bíblia menciona a impossibilidade de uma mulher exercer autoridade sobre o homem, mas restringem esta ordenança à esfera eclesiástica, isentando, por exemplo, o ambiente político laico. Os que assim pensam, baseiam-se na dicotomia criada na modernidade entre religião e as outras representações sociais pertencentes ao cotidiano, o laico. Para mim é difícil aceitar esse tipo de exceção quanto à possibilidade da mulher exercer autoridade sobre os homens.
Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que o machismo é pecaminoso, mundano e satânico, pois discrimina as pessoas do sexo feminino de forma cruel, mentirosa e covarde. Combatendo este pecado, Paulo afirma em Gálatas 3:28: “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Portanto, a mulher nunca foi inferior ao homem, quer seja na área da inteligência, na resistência física, no recebimento dos dons ou em qualquer outra área. A questão do exercício de autoridade não é questão de superioridade de gênero, mas de funcionalidade, ou seja, trata-se da economia divina, na maneira como o Senhor Deus estipulou as regras para a administração no relacionamento entre as pessoas de ambos os sexos.
Em 1 Coríntios 11: 2, 3: ao tratar da autoridade no culto público, Paulo lança mão da economia divina ao afirmar que: “de fato, eu vos louvo porque, em tudo, vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei. Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo”. Mais à frente encontramos a criação da raça humana como argumento: Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem. Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem (1 Coríntios 11: 7 – 9)
Neste ponto, minha questão é a seguinte, será que a economia divina, quanto ao exercício da autoridade, restringe-se apenas à Igreja? Seguindo a mesma linha de questionamento, o princípio presente na ordem da criação da raça humana restringe-se apenas à esfera da Igreja? Eu creio que não! Assim como a funcionalidade do lar descrita em Efésios 5 e 6, Colossenses 3 e 1 Pedro 3 não se limita à Igreja, mas é o princípio magistral da família humana.
Alguns poderão argumentar sobre o caso de Débora e Baraque para justificar a posição de autoridade por parte da mulher. A fragilidade do argumento está no fato de que se trata de uma narrativa que descreve uma exceção e não de um texto doutrinário sobre o assunto. Além disso, se me utilizo desta metodologia, posso então afirmar que a dança litúrgica possui base bíblica devido ao episódio de Davi na procissão da arca da aliança contida em 2 Samuel 6: 12 – 23. Sem dúvida nenhuma se tratou de um culto (a cada seis passos um sacrifício, ofertas pacíficas e a bênção final), mas não se trata de um princípio regulador do culto ao Senhor Deus. Portanto, assim como a dança litúrgica não possui base bíblica nenhuma, da mesma maneira, o caso de Débora não corrobora a lotação de uma mulher no poder. Aliás, muitas outras narrativas reafirmam a submissão da mulher ao homem.
Este, portanto, foi o motivo principal para que eu não votasse em Marina Silva no primeiro turno das eleições presidenciais. E este é o motivo principal para que eu não vote em Dilma Russeff.
Uma mulher na presidência da república fere frontalmente aquilo que foi determinado pelo Senhor Deus. O cargo representa o poder maior da nação, a autoridade máxima do poder executivo e, por esse motivo, deve ser preenchido por um homem, conforme o princípio da criação e da economia divina. Creio ser um equívoco, um erro pensar o contrário. Para mim é tentar relativizar o que está claro como fundamento bíblico para o exercício da autoridade.
Caso uma mulher ganhe para presidência, afirmo que a vontade preceptiva de Deus foi quebrada enquanto que, por sua vontade soberana e oculta, o juízo do Todo-Poderoso se espraia ainda mais sobre a nação.
E antes que alguém insinue que a presente postagem é uma campanha velada a favor de José Serra, afirmo publicamente (faço isso pela primeira vez em toda a minha vida) que irei me abster nessa eleição.
Sola Scriptura

MENSAGEM NA CONTRAMÃO DA REALIDADE



Os profetas do Velho Testamento sempre foram vocacionados a trazer mensagens de juízo quando a nação de Israel estava em tempo de bonança e, ao mesmo tempo, de infidelidade. Geralmente todo o setor da nação estava corrompido, incluindo a política e a religiosa – setores unos na cultura de então.
Nesse aspecto, dentre todos os alertas trazidos pelos profetas, há uma palavra de alerta de Jeremias contra a nação e a Igreja no Velho Testamento que destaco aqui. Trata-se do capítulo 6 onde encontramos um firme alerta sobre o juízo de Deus que pairava sobre todos por causa da iniqüidade. Nos versos que vão do 13 ao 21 encontramos:
"Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à ganância, e tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade. Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto, cairão com os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão, diz o SENHOR. Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos. Também pus atalaias sobre vós, dizendo: Estai atentos ao som da trombeta; mas eles dizem: Não escutaremos. Portanto, ouvi, ó nações, e informa-te, ó congregação, do que se fará entre eles! Ouve tu, ó terra! Eis que eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos; porque não estão atentos às minhas palavras e rejeitam a minha lei. Para que, pois, me vem o incenso de Sabá e a melhor cana aromática de terras longínquas? Os vossos holocaustos não me são aprazíveis, e os vossos sacrifícios não me agradam. Portanto, assim diz o SENHOR: Eis que ponho tropeços a este povo; neles cairão pais e filhos juntamente; o vizinho e o seu companheiro perecerão."


O texto aqui é claro, o ponto central é a corrupção da igreja por meio de seus líderes em três aspectos:
1. A ganância. Jeremias revela que a principal motivação dos profetas e sacerdotes era o dinheiro;
2. A mensagem esvaziada. A mensagem desta turma despossuía a lei divina e apenas paliavam o povo com mentiras e leviandades. Diziam que havia paz quando não havia;
3. O culto materializado. O que quero dizer com isso é que os líderes religiosos se preocupavam com a pompa – por meio de produtos importados – sem, contudo, buscarem a verdadeira adoração.
Por causa disso, o Senhor Deus iria fazer o povo tropeçar e o objeto de juízo seria um governo ímpio e antagônico às leis divinas: a Babilônia.
Com base neste caso, penso se não é exatamente isso que o Senhor está fazendo hoje em nossa nação. Percebe-se que há uma ação irresistível de impiedade por parte da política vigente. Leis absurdas são aprovadas em Brasília enquanto outros projetos estapafúrdios são elaborados. Governos de esquerda se mantêm no poder há anos e nada pode ser feito para se reverter isso. Vejo que o Brasil caminha para a institucionalização da impiedade e parece que nada por aqui tem poder de frenagem.
Enquanto este quadro desolador se agiganta, setores evangélicos trazem mensagens extremamente opostas. Sempre afirmam na mídia e em seus púlpitos que para o crente não há crise. Bradam que atualmente no Brasil se ergue uma jamais vista geração de adoradores ou de profetas ou de milagreiros ou de levitas ou de apóstolos ou de prosperidade etc. Em suma, enquanto a nação despenca de podre, o que se prega é: “paz, paz!”
É impressionante perceber a contradição existente entre a mensagem pregada por estes grupos e a realidade da nação. É claro que, a exemplo dos profetas e sacerdotes do tempo de Jeremias, tais líderes evangélicos atuais só pensam no dinheiro e fama, semente isso é que importa. E como enriquecem cada vez mais os abomináveis desavergonhados que se escondem por trás do pseudo-título de apóstolo, de patriarca, de bispo, de missionário, de dirigente de louvor ou até de pastor.
Que o Senhor Deus tenha misericórdia do Brasil, país atolado na iniqüidade e que possui uma falsa igreja que busca paliar sem, contudo, curar. Oxalá que muitos Jeremias saiam às ruas ou falem com autoridade a partir dos púlpitos das igreja que buscam, com humildade, viver genuinamente o Evangelho.
Sola Scriptura.

UniEVANGÉLICA e CONPLEI


Semana passada participei como palestrante do II Seminário sobre povos indígenas da UniEVANGÉLICA : "Cultura indígena - Conhecer para preservar", evento que contou com a participação do I Fórum do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (CONPLEI): I Fórum Brasileiro sobre o uso das Escrituras em línguas indígenas.

Foi um momento singular que contou com a presença de mais de 60 etnias tradicionais vindas de muitas partes do Brasil, além de representantes de várias missões brasileiras, professores e acadêmicos de vários cursos.

Na palestra de abertura, onde dividi a mesa com Henrique Terena, Th.M., pude falar sobre o impacto das Escrituras em uma sociedade indígena pela perspectiva cultural. Na palestra de encerramento, dividindo a mesa com Sandra Terena, Esp. e Dr. Ronaldo Lidório, enfoquei sobre as estratégias missionárias e as representações culturais envolvidas.

Nesses encontros pude perceber as reivindicações dos povos
tribais quanto às várias inclusões sociais aspiradas e os caminhos viáveis para tal processo, além de uma nova tendência missionária conhecida como "Missão Integral".

Espero que os próximos encontros agendados possam amadurecer o debate acadêmico e missiológico sobre assuntos tão discutidos hoje em dia, aumentando ainda mais a qualidade desses temas tão relevantes hoje em dia.

Sola Scriptura
1ª foto: Seminário no auditório da UniEVANGÉLICA;
2ª foto: Fórum no auditório do SETECEB.

O SONHO DE SER SUPER-HERÓI


A classe dos super-heróis foi uma invenção onde pessoas com identidade secreta e com altruísmo passam a se dedicar à manutenção da ordem, ao combate contra os bandidos e à defesa dos mais fracos. Desde 1903 com Pimpinela Escarlate, o herói inglês que lutava contra o horror da guilhotina na França do século XVIII, a imaginação humana extrapolou os limites da humanidade.

Os primeiros heróis eram humanos que adquiriam habilidades devido a uma dieta rígida e treinamento intenso. Dentre eles temos velhos conhecidos nossos: Tarzan, Fantasma, Zorro etc. Mas após a invenção do Super-homem em 1938, passou-se a classificação dos chamados super-heróis com poderes suprahumanos, pessoas que, na sua maioria, vinham de outras galáxias, de algum panteão ou eram submetidos a algum tipo de experimento laboratorial. Não importando a origem, certo é que estas maravilhas humanas tornaram fértil a nossa imaginação, além de instigar na infância certa inveja de seus super-poderes.

Há muita coisa escrita sobre essas personagens. Há, inclusive, textos críticos de matiz marxista que atribui aos super-heróis a instrumentalização eficaz para a alienação de seus leitores do lado de baixo da linha do equador, uma vez que a maioria deles é estadunidense e trazem no próprio uniforme cores que remetem à tão conhecida bandeira do norte.

Em meu caso, eu gostaria de fazer algumas considerações às fantásticas personagens, todavia, pelo viés da teologia.

Sabemos que a macro cultura ocidental foi construída com base nos principais pressupostos judaico-cristãos, ou seja, muitas verdades das Sagradas Escrituras sempre estiveram presentes, mesmo que ofuscadas, no coração do homem ocidental. Dentre elas temos a ressurreição/glorificação futura do corpo que não escapa desse processo. Sabemos muito bem que as narrativas dos Evangelhos sobre a estada do Senhor Jesus após sua real ressurreição nos dão pistas de como seremos a partir daquele dia glorioso. Há pelo menos dois aspectos narrados: poder para aparecer e desaparecer (Lc 24: 31, Jo 20: 26) e poder para voar (Lc 24: 51; At 1: 9).

É exatamente isso que o coração humano deseja ao sonhar dizendo: "como é desejável poder ser perene sem se preocupar com a degeneração natural ou com as muitas limitações da natureza". E a exemplo de outros povos que representavam e ainda representam os seus ideais por meio de seres mitológicos e divindades, a chamada cultura pop parece ter utilizado a mesma estrutura de pensamento.

Talvez alguns discordem dizendo que a maior influência neste setor hoje esteja nas mitologias gregas e no caráter que deram aos deuses do monte Olimpo. Mas e o que dizer dos simples humanos que, por alguma justificativa (picada de inseto radioativo, exposição aos raios gama, ingestão de poções químicas ou mágicas, utilização de artefatos alienígenas etc.) obtiveram corpos perfeitos? Para mim, o mundo dos super-heróis está mais ligado à perfeição do corpo e ao poder para ultrapassar os limites impostos pela natureza do que à idéia de divindades entre nós, pois sempre que possível, a humanidade desses super-heróis é demonstrada em seus roteiros por meio dos dilemas emocionais ou circunstanciais demonstrados nos respectivos alter egos.

Portanto, acredito que há, desde a década de 30, um desejo por aquilo que o Deus Redentor irá fazer em seus eleitos no Dia do Senhor. Todos os remidos terão corpos glorificados, livres dos reveses atuais promovidos pelo pecado ou como conseqüência deste. Hoje posso me alegrar e ter certeza de que um dia terei poderes que hoje são inexistentes, não preciso mais ter inveja dos super-heróis como tinha quando criança, pois está prometido a mim e a todos os salvos pela morte vicária de Cristo um futuro onde as leis da física se transformarão numa singela lembrança do passado. Não precisarei gritarShazam ou utilizar um anel ou um bracelete alienígena para me transformar num ser perfeito e livre, pois terei um corpo glorificado para sempre. A única diferença é que não usarei uma roupa ridícula e nem haverá oprimidos para salvar ou facínoras para perseguir, pois todos serão puros e impecáveis diante do Todo-Poderoso.

Sola Scriptura.

VOTO OBRIGATÓRIO, QUE RAIVA!


O voto obrigatório foi implantado no Brasil por meio do Código Eleitoral de 1932 e transformado em norma constitucional a partir de 1934. A justificativa era a de garantir o exercício do voto nos períodos de eleição, isto é, dar legitimidade ao processo. Após 78 anos, cá estamos nós novamente sendo obrigados a exercer um direito de direito, mas não um direito de fato.
O Brasil faz parte das nações que obrigam seus cidadãos a votarem. São apenas cerca de 20% dentre os regimes que se utilizam das urnas. Nesse contexto, há um dado interessante segundo os especialistas: se o voto fosse facultativo, o número de ausências não ultrapassaria o dos atuais votos nulos ou brancos.
Então vem a pergunta: por que somos obrigados a exercer um direito democrático? Não seria melhor o candidato nos convencer a sair de casa para votar nele? Eu não tenho dúvidas de que seria, uma vez que o atual sistema obrigatório favorece, e muito, a cooptação de pessoas que estarão de qualquer forma diante da urna. A manipulação facilitada transforma um bom grupo de brasileiros em rede social manobrável, além de comerciável. Como se isso não bastasse, o dia de eleição no Brasil está se tornando cada vez mais um evento espetacular em detrimento da simplicidade e da discrição democrática.
Outro ponto incoerente é que o Brasil, um país que vive posando de humanista com suas leis que também favorecem cotas e institucionalizam pecados – desde os veniais até os fortemente imorais – é o mesmo que obriga os seus cidadãos a algo que deveria se constituir numa livre escolha em si.
É por essas e outras que sou contra a obrigatoriedade do voto. Aliás, irrita-me tal obrigatoriedade. Acredito que seria muito mais animador se fosse facultado a todos nós o ato de fazê-lo ou não. Em eleições muito mais importantes, do meu ponto de vista, não há punição aos que se fizeram ausentes no momento do escrutínio (refiro-me às eleições conciliares da minha denominação). Já as demais, são um disparate, principalmente quando lembro que a lei pode punir todos aqueles que optaram por não exercer um direito cidadão.
Sola Scriptura

FETICHISMO RELATIVO


Vivemos tempos difíceis com respeito à coerência entre a vida privada e a vida pública. Não estou me referindo aqui à vida íntima do coração em contraste com a vida exterior, pois como afirmou Sartre, há um ser-para-si e um ser-para-os-outros. Acredito que majoritariamente atuamos para toldar aquilo que o coração pensa e deseja. Por exemplo, mesmo cheio de indignação e de ira, louco para esmurrar a face de alguém, sempre devo tratar o próximo com ética, agir como cavalheiro.
O que desejo refletir aqui é diferente. Algumas semanas passadas eu ouvi uma declaração de uma jovem estadunidense sobre Michael Jackson que dizia: “eu sei que o Michael fez coisas erradas em sua vida privada, mas isso não importa, o que importa é que ele foi o máximo nos palcos, o que importa é o que ele me faz sentir”. Percebam que essa tendência é muito comum hoje em dia, pois para a rede social não importa se a pessoa é um descarado ou bandido, o mais importante é a vida publicada.
São várias as áreas afetadas por esta postura, pois não importa se se trata de um político, um artista, um professor etc. O que importa é o que o fã pensa de seu desempenho, esquecendo-se dos outros comportamentos.
Bem, se o comportamento estivesse circunscrito ao ambiente dito secular, não haveria muito problema, pois o mundo jaz no maligno conforme as Escrituras. Mas o estarrecedor é que tal prática também ocorre dentro da esfera dita evangélica. Conheço irmãos na fé músicos que afirmam existirem alguns cantores do gênero gospel que são adúlteros assumidos e gananciosos contumazes. Há também pastores, bispos, apóstolos, arcanjos, e patriarcas que são gananciosos cuja ambição desmedida os levam a extorquir a boa fé de seu rebanho. “Mas não importa”, dizem alguns, “o que vale é que se trata de pessoas cheias do poder, o que importa é que eles possuem uma pregação profética poderosa”.
Como é triste contemplar a decadência de certa parcela da Igreja onde seus membros tapam o sol com a peneira, permitindo com isso que lobos vorazes e líderes pervertidos continuem tendo atrás de si uma multidão de seguidores que são nada mais nada menos que fãs relativistas. A isso eu chamo de idolatria, pois estão adorando pessoas que não são o que afirmam ser. Essas pessoas em nada se diferem aos povos tribais se encurvam diante de objetos inanimados atribuindo a estes uma qualidade que não existe. Logo, os fãs evangélicos estão praticando o fetichismo.
Quando Paulo orienta sobre a escolha do líder na igreja, há a ênfase na vida privada ao dizer: “vejam a vida dos candidatos, vejam como eles são na intimidade”. Não há dúvidas que a nossa visão sobre os que estão em destaque deve ser holista, não dicotomizada. O pastor deve trazer como currículo a sua piedade em casa, no trabalho, na escola e na família. O que o autoriza publicamente são as suas atitudes privadas. Em contraste, a idolatria fetichista (a redundância é proposital) está se tornando um câncer, pois em nome de uma graça relativa e barateada, muitos se acham no direito de permanecer à frente do rebanho, mesmo que suas atitudes particulares o desaprovem.
Não importa a ganância, a coleção de divórcios, os filhos depravados, a promiscuidade, as mentiras, as difamações devoradoras, as distorções do Evangelho... Não, não importa. O que importa é o que esse líder representa para mim, o que ele me faz sentir, o limite que ele me conduz. O que importa é o que eu sinto, bem como as construções que faço.
Assim como aquela jovem dos EUA não se importava com os escândalos particulares de Michael Jackson, pois o que contava era o que ele representava na vida dela, assim como os eleitores votam afirmando “fulano rouba, mas faz”, assim também agem os que tapam a consciência e continuam acreditando naqueles que são perversos e devoradores dentro da esfera do Evangelho. Que Deus tenha piedade.
Sola Scriptura.

UMA CARTA PARA JOSÉ SARAMAGO


Carta fictícia escrita por um falecido amigo de José Saramago, Gago D’Andrade Brasão, que foi entregue no último dia 18, dia da morte do escritor português.
“Meu caro José.
Faz muito tempo que eu gostaria de escrever-te esta carta daqui donde estou, mas fui severamente proibido de fazê-lo. Após a minha morte fiz de tudo para contar-te a minha impressão sobre a tua vida lá na terra dos viventes e o que aguardava-te aqui no mundo dos mortificados. Ainda bem que agora sei que tu receberás o meu texto, embora seja tarde demais.
Quando estávamos juntos em vida, sempre fiquei satisfeito com a tua trajetória política e literária. Não posso negar que foi linda a entrega do Nobel de Literatura, embora tivesse preferência pelo Prêmio Camões. Afinal de contas, este é da nossa terra e da nossa amada língua.
Sempre vibrei em vê-lo como um militante da esquerda a lutar pela utopia marxista no velho Partido Comunista Português. Como admirava os teus discursos inflamados contra a ideologia imperialista cujo lema era reificar o trabalhador para que o acúmulo das riquezas ficasse nas mãos de alguns.
O que dizer dos teus romances, peças teatrais, contos, poemas, crônicas, memórias? Até mesmo uma obra aos infantes foi composta por ti, refiro-me a “A maior flor do mundo”. Como foste produtivo e pudeste livremente externar tudo que pensavas da vida e das pessoas.
Também sentia orgulho quando contemplava a tua luta contra a Igreja, atitude condizente com o teu ateísmo aguerrido que tanto insistiu em desdivinizar o Cristo, tentando transformá-lo em um mero homem perturbado. É por isso que nem preciso dissertar sobre o teu célebre e polêmico romance “O Evangelho segundo Jesus Cristo”.
E a obra escrita no ano da minha morte? Lembra que eu morri em 1991 e tu concluíste o "Ensaio sobre a cegueira"? Que obra magnífica, imortalizada pelo teatro e pelo cinema. Eu achava que tu havias sido preciso em demonstrar a crueza humana e de como ela está susceptível às mudanças bruscas. Foi uma humanidade construída com requinte de marxismo e acidez existencial. Eu achava tudo isso o máximo!
Mas meu caro José, sinto dizer-te: eu estava errado. Ah pá, que tristeza!
Depois de morto descobri que tais impressões foram uma ledice efêmera que não podia durar mais do que o meu tempo de vida na terra. Veja só! Descobri que eu não era um mero conglomerado de músculos e órgãos que proporcionava as minhas idiossincrasias para com a suposta matéria desespiritualizada. Não, não, tudo foi um lamentável equívoco, pois descobri que a morte não é o fim de tudo. Eu celebrei e admirei tudo aquilo que vinha da depravação humana. Envergonho-me em só agora saber que todos nós somos seres espirituais além de materiais (não é que os gregos, e muito mais a Bíblia, tinham razão?).
Aqui neste plano descobri que os ideais esquerdistas de orientação atéia não me acumularam nada. Descobri também que os prêmios e bajulações da vida de nada adiantam. Não há como impressionar ninguém daqui.
Da mesma forma descobri que a luta contra Deus e seu Filho transformou-nos em cavaleiros quixotescos, soldados do nada que se ocuparam com o vento e que se lançaram contra o vazio. Como é duro descobrir que há um Criador inteligente, e mais, que ele mesmo traçou um plano soberano determinado a cada indivíduo da raça humana. Como é sofrível saber que Jesus é o Cristo prometido, bem como o Salvador dos eleitos de Deus. Sabia que ele é a revelação exata do Pai demonstrada nas Escrituras Sagradas? Saiba que eu me contorço de pavor ao saber o que me aguarda, pois este mesmo Cristo me julgará naquele dia, o Dia do Senhor. Lá estarei diante do Reto Juiz que me sentenciará com equidade.
Ah José, agora é tarde, muito tarde. Eu tentei avisá-lo daqui, mas não pude. Lamento que só agora tu descobriste tudo isso. Só agora faz sentido dizer que a experiência dolorosa da cegueira que descreveste em 300 páginas foi a tônica de toda a tua miserável vida desde o dia 16 de novembro de 1922 (o teu nascimento) até ao dia 18 deste mês (a tua morte). Nós é que éramos cegos meu amigo, nós é que tínhamos a cegueira contagiosa que se contrai no momento da concepção feita em pecado, cegueira esta que nos acompanha até o fim. Hoje sei que somente o colírio de Deus poderia nos trazer a luz nunca contemplada.
Agora, meu amigo José, seu corpo se reduz a cinzas. Mas saiba que haverá um dia em que o Cristo dará uma voz de comando e, em obediência, tu irás ressuscitar das cinzas (feito a ave fênix) para a condenação eterna juntamente com aquele que nos cegou a vida inteira.
É o que tenho para escrever...
Com tristeza e dor, do teu falecido amigo,
Gago D’Andrade Brasão.”
Sola Scriptura.

O PENTECOSTALISMO TAMBÉM É CULTURAL


O presente texto representa uma idéia que ainda está em construção. Quero deixar claro que não está em questão aqui assuntos como a comunhão do crente com Deus ou a ação do Espírito Santo em sua vida, pois tais discussões estão arroladas nos temas sobre santificação e piedade cristã. Também afirmo que não há aqui a nulidade da vida plena do Espírito Santo, conforme Efésios 5: 1 – 6: 10 ou Gálatas 5: 13 – 25.
Dito isso, quero refletir sobre algo que tenho pensado já há algum tempo. A questão é: até onde termina a espiritualidade e até onde inicia o comportamento cultural nas práticas que distinguem uma determinada denominação de outra? Sendo mais direto, o que quero dizer aqui pode ser aclarado com a seguinte afirmação: o pentecostalismo, como fenômeno, é um comportamento cultural!
Quando uso o termo cultura, seu significado está de conformidade àquilo que os cientistas sociais chamam de significação simbólica. É, por exemplo, a descrição densa, segundo Clifford Geertz ou o capital' simbólico, segundo Pierre Bourdieu. São as significações que estão contidas nas redes sociais a fim de darem sentido à identidade contrastada com a alteridade. Em todo campo social, o indivíduo manifesta um comportamento que se adéqua à configuração social, para usar um termo de Norbert Elias. É o habitus que faz a ligação entre o fenômeno individual e a estrutura. Sempre que observo os gestos, as práticas, o comportamento, o timbre de voz, tudo isso está imbuído na cultura que torna coerente aquele que dela faz uso para se ajustar ao campo social vivido.
Como estudo de caso, quero citar o movimento pentecostal. Eu poderia utilizar outros movimentos. Mas como o espaço é pequeno, restringirei a análise a apenas esse grupo.
Muitos têm associado todo o modus operandi pentecostal às manifestações do Espírito Santo. A maneira contundente de pregar incluindo os brados, a maneira de orar, a maneira de se relacionar, tudo é associado à espiritualidade. Para alguns (ressalto aqui que são alguns e não todos), tratam-se de manifestações que demonstram um poder divino que está acima das demais denominações (tradicional, de preferência). Todavia, para mim, o que chamamos de pentecostalismo são, em sua maioria, práticas utilizadas para diferenciar um determinado grupo de outro. Apenas isso.
Volto a afirmar que não é meu objetivo analisar se certo comportamento vem do Espírito Santo e das Escrituras ou se vem da carne e do Inimigo. Minha reflexão é tentar provar que o pentecostalismo per si é muito mais uma manifestação cultural que espiritual.
Aliás, boa parte das fronteiras que dividem os protestantes na atualidade é de caráter simbólico e não espiritual. Muitas supostas interpretações bíblicas se adéquam à cultura de um grupo e não vice-versa. Em muito daquilo que é tido como manifestação do poder de Deus, nada mais é do que adaptações do indivíduo ao meio em que vive e se encontra. É por isso que um pentecostal não se sente confortável no meio dos tradicionais, assim como estes também não se sentem à vontade em meio àqueles. É o velho confronto entre identidade e alteridade.
A essa altura gostaria de arriscar dois pontos para uma reflexão mais profunda:
1. A vida espiritual deve reger o comportamento. Não tenho nenhuma dúvida de que Deus vê o coração e não o exterior. Não é a forma, mas a essência que me define como servo diante de Deus. Nesse ponto devo tomar cuidado para não transformar em rotina aquilo que deveria ser renovado a cada dia. Somos ligeiros em nos acostumar com o cotidiano. O temor do Senhor sempre é sufocado pelo coração irreverente que insiste em achar que está agradando a Deus por aquilo que faz segundo a sua cultura denominacional. É bom lembrar que sempre somos incentivados a cantar um cântico novo, a renovar a nossa vida, a viver o frescor da devoção, a ter uma vida de piedade cristã revigorada. Vejamos que nada disso tem a ver com gestos ou sons engendrados nas minhas representações sociais. Preciso entender que a minha vida espiritual, algo que possui como fonte as Sagradas Escrituras, deve reger o meu comportamento e não o contrário.
2. Minha cultura denominacional é real e nada tem a ver com o espiritual. Precisamos ser honestos nesse ponto. Se eu acho que as representações simbólicas são manifestações da piedade, então isso vale dizer que há somente uma denominação correta nesse mundo em detrimento das demais que estão totalmente erradas e fora do padrão divino. Mas todos concordam que não é assim, ao contrário, todos concordam que os eleitos de Deus estão entre os pentecostais e os tradicionais. Seria bom se os pentecostais concordassem que o pentescotalismo é, acima de tudo, cultural e que o poder de Deus está também entre os tradicionais. Creio que isso seria suficiente para que fosse desenvolvido um tipo de modus vivendi entre as denominações protestantes conflitantes sem que fosse necessário abrir mão das convicções formativas mais particulares (forma de batismo, forma da eucaristia, forma de pregação ou oração etc.).
Seria desnecessário afirmar que creio na conversão dos pentecostais e que estes são meus irmãos em Cristo. Também seria desnecessário dizer que as Escrituras e o Evangelho, como poder de Deus, agem no crente pentecostal que pode, sem problema algum, desenvolver intimidade com Deus. A única coisa que se torna dispensável, de acordo com a minha argumentação nesta postagem é um crente pentecostal pensar que é mais espiritual e mais habitado pelo Espírito Santo que um tradicional pelo simples fato de destoarem no comportamento, ou seja, na cultura denominacional. Volto a repetir, cultura não determina a vida espiritual.
Sei que este assunto é complexo, denso e até mesmo polêmico. Por isso afirmei no início desse texto que se trata de algo que ainda está em construção na minha mente. Sei que necessito interagir com outros pensadores cristãos para que a presente teoria tome forma. Portanto estou aberto ao debate.
Sola Scriptura.

A HOMOFOBIA E A BÍBLIA


O Brasil passa hoje por transformações que influenciam diretamente a rede social. Aspectos simbólicos são remodelados e até mesmo construídos às custas da destruição de outros. Isto não ocorre apenas pelo aclamado “dinamismo social” que alguns tanto defendem, mas ocorre também por mudanças em nossa legislação.

Um ponto que tem ganhado as manchetes são as leis voltadas às minorias. Afro-descendentes, sociedades tradicionais, portadores de necessidades especiais, gênero feminino, enfim, são grupos que reivindicam para si direitos especiais como elemento retificador da história dos invasores, senhores de escravos, hedonistas, machistas, e por aí vai. Tenho sempre dito em tom de brincadeira que, atualmente, sou a pessoa mais desafortunada que existe, pois sou do gênero masculino, branco e cristão protestante.

Mas há nisso tudo algo que me preocupa. Trata-se da inserção dos homossexuais nesses grupos minoritários para que possam usufruir de direitos especiais. Refiro-ma ao que ficou conhecido como “lei da homofobia”, projeto da Deputada petista Iara Bernardes (PT/SP) que tramitou na Câmara dos Deputados em Brasília sob o n.° 5003/2001 e foi aprovado numa quinta-feira, 23 de novembro de 2006, em regime de urgência, com poucos parlamentares na Casa. Após a aprovação, foi enviado ao Senado, onde tomou o n.° 122/2006. Segundo a autora do projeto, trata-se de uma lei que visa coibir a discriminação de homossexuais, tipificando os crimes de “homofobia” com a aplicação de penalidades.

Nenhuma argumentação utilizada para a aprovação dessa lei me convence. Em primeiro lugar, ser homossexual não é uma determinação biológica, ou seja, ninguém nasce homossexual como nascem os portadores de cuidados especiais. A homossexualidade é uma escolha deliberada, logo, não faz sentido classificá-la como um grupo minoritário merecedor de privilégios legais.

Em segundo lugar, já existem leis no Brasil que punem rigorosamente toda e qualquer violência contra quem quer que seja. A crueldade exercida contra os homossexuais é um pecado absurdo, pois nada justifica o “fazer justiça com as próprias mãos”. Aliás, de justiça não há nada em tais práticas. Os “assassinos” de homossexuais devem ser perseguidos pela lei até às últimas conseqüências e punidos com o máximo rigor. Dito isto, afirmo sobre a desnecessidade de se criar uma lei específica que, em seu âmago, transcende a proteção que preserva a integridade física dos homossexuais, uma vez que os direitos a esta integridade já estão garantidos.

Em terceiro lugar, é errado e desprezível toda e qualquer chacota jocosa que venha ferir a honra de alguém. É abominável qualquer piada, depreciação, jocosidade gratuita ou bulling contra os homossexuais. Caso isso ocorra, a lei que possuímos também protege as vítimas, criminalizando os autores de tais pecados. Mais uma vez afirmo: diante dessa realidade, não há necessidade de se criar um foro privilegiado.

Bom, até aqui não há novidade nenhuma. Mas daqui para frente quero refletir sobre um aspecto que se tornará um problema mastodôntico caso a lei da homofobia seja definitivamente aprovada. Estou me referindo às Sagradas Escrituras que deverão se tornar um livro absolutamente proibido no Brasil, tornando-se alvo das polícias militar, civil e federal, cuja missão será apreender todo e qualquer exemplar existente do livro ilegal.

Talvez alguns digam: isso é um exagero! Será? Bem, do ponto de vista da lei da homofobia, a Bíblia já se transformou num texto preconceituoso e homofóbico. Vejamos alguns exemplos:

1) Segundo a Bíblia, a prática homossexual é repugnante, conforme Levítico 18: 22:
“Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante.”

2) Segundo a Bíblia, a prática homossexual era passível de penalidade, conforme Levítico 20: 18:
“Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte” (vejam que aqui a pena de morte era uma sanção da magistratura da época).

3) Segundo a Bíblia, a prática homossexual é antinatural, conforme Romanos 1: 26, 27:
“Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.”

4) Segundo a Bíblia, a prática homossexual é pagã diante de Deus, conforme 1º Coríntios 6: 9, 10:
“Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.”

5) Segundo a Bíblia, a prática homossexual transgride a Lei de Deus, conforme 1ª Timóteo 1: 8 a 11:
“Sabemos que a Lei é boa, se alguém a usa de maneira adequada. Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas, para os que praticam imoralidade sexual e os homossexuais, para os seqüestradores, para os mentirosos e os que juram falsamente; e para todo aquele que se opõe à sã doutrina. Esta sã doutrina se vê no glorioso evangelho que me foi confiado, o evangelho do Deus bendito.”

E agora? Caso a lei da homofobia seja sancionada no Brasil, o que fazer com a Bíblia?

Bem, eu sou cristão reformado, e como tal possuo as Escrituras como minha única regra de fé e prática. Ela me diz que devo amar ao próximo como a mim mesmo, então devo amar os homossexuais, orar por cada um deles e pregar o Evangelho do Senhor Jesus a todos. A Bíblia também me ensina que não devo discriminar ninguém, pois não sou melhor nem pior, sou apenas um semelhante, um pecador que foi alcançado pela graça divina.

Mas a Bíblia também me ensina que a prática homossexual é pecado assim como são igualmente pecados o adultério, o divórcio, a fornicação e a prostituição. É assim que acredito, é assim que obedeço à Santa Lei, e não há nada que possa me convencer do contrário. Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem!

Por este motivo digo, antes que acusem de homofóbicos os pregadores fiéis da Palavra de Deus, saibam que todos eles estão sendo verdadeiros àquilo que crêem. E se a pregação da Palavra de Deus, que hoje é livre e protegida por lei, se tornar um crime, então todos os pregadores fiéis terão problemas com a lei.

Quero encerrar a presente postagem utilizando a definição feita pelo Dr. John Sttot ao afirmar que os homossexuais são “...pessoas humanas feitas à imagem de Deus, ainda que caídas, com toda glória e tragédia que este paradoxo possa implicar” (STTOT, John. Grandes questões sobre o sexo. Rio de Janeiro: Vinde, 1993. p. 159).

Logo, todos os homossexuais são pecadores que necessitam da graça de Deus assim como eu também necessitei e ainda necessito. A mesma Bíblia que acusa o homossexualismo de pecado contra o Senhor Deus, é a mesma que anuncia, sem acepção de pessoas, o Evangelho de salvação e misericórdia.

Sola Scriptura.

A PREDESTINAÇÃO E A MINHA INCOMPETÊNCIA

Queridos amigos, uma ovelha enviou esse texto para mim, acho que vale a pena lê-lo.

Sola Scriptura


"Era um domingo a tarde quando comecei a ler um jornal que estava jogado no chão da minha sala. Numa nota de pesar o nome nada comum me chamou a atenção. Tratava-se de um senhor que havia sido meu chefe em meu primeiro emprego, oito anos atrás. Ele havia morrido!

Eu tinha dezoito anos quando começamos a trabalhar juntos, e ele, 64. Como é comum em algumas Secretarias, havia muita gente para pouco trabalho, assim, tínhamos tempo de sobra para papear sobre os mais diversos temas. Nessas conversas, não foram poucas as vezes que preguei o evangelho para ele. Havia muito respeito e interesse da parte dele naquilo que eu falava, mas ele nunca se converteu.

A notícia do jornal me fez lembrar desses momentos e das vezes que até angustiada eu tentava fazer aquele homem entender a graça de Deus, contrastando-a com os seus inúteis esforço para alcançar a redenção. Às vezes me pego repassando algumas dessas conversas imaginando como eu poderia explicar tudo de uma forma melhor. Eu não passava de uma adolescente que não sabia nada da vida. Hoje, com quase 26 anos (praticamente um idosa) eu teria muito mais argumentos. Os meus métodos de evangelismo melhoraram, assim como a minha retórica. Eu amadureci. Eu cresci espiritualmente. Se eu pudesse ter só mais uma conversa com ele, dessa vez ele iria se converter! Mas essa conversa nunca ocorrerá, e muitas vezes me culpo por não tê-lo procurado antes para falar mais uma vez sobre o Senhor.

Mas será que, de fato, hoje meus argumentos fariam com que aquele homem se convertesse? Se a resposta for sim, posso, então, dizer que a minha incompetëncia mandou-o para o inferno.

Muitos acham que a predestinação é injusta e eu não vou fingir aqui que a compreendo. Mas mais injusto seria a salvação de uma vida depender de um ser humano limitado. Deus não coloca esse peso sobre nós porque ele mesmo disse que o seu fardo é leve. Não. Aquele homem não rejeitou ao Senhor em seu coração porque meus argumentos eram fracos, ou pela minha inexperiência ou por que eu não soube me expressar. (se o meu pastor Alfredo, que consegue fazer um cachorro sair do seu gabinete jurando que é um gato e miando, tivesse conversado com o meu chefe, ainda assim ele não teria se convertido...rsrsrrs).

Hoje eu sei que aquele homem não foi escolhido por Deus. Por que? Eu não sei. Por que eu fui? Tampouco... O que eu sei é que os pensamentos dele são altos demais para que eu possa alcançá-los. Deus nos deu o privilégio de pregar o evangelho, não o peso. Quem realiza a obra é ele. UFA! Obrigada, Senhor!

Eu contiuo sem entender a predestinação. Mas eu consigo hoje encará-la como mais uma demonstração do amor de Deus por mim. Eu ainda gostaria que Deus tivesse escolhido a todos. Eu ainda gostaria que o inferno não existisse para que amigos e parentes não tivessem que passar a eternidade ali. Eu queria que o meu ex-chefe estivesse hoje com o Senhor.

Mas ainda que eu não compreenda seus atos, eu sei que o meu Deus é Santo, Reto e, acima de tudo JUSTO!

A Ele toda a Glória!"

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