No capítulo 12 de Atos encontramos uma interessante narrativa cuja personagem centralizadora é o rei Herodes. Ele age contra os cristãos ao prender, maltratar e até matar alguns líderes importantes da época. Por esta causa, Tiago é morto e Pedro é preso. Um pouco mais à frente nos deparamos com uma grave desavença entre este rei, os tírios e os sidônios. Em suma, Herodes estava se opondo à Igreja e aos habitantes de Tiro e Sidom. É neste contexto que se desenrola a atitude tomada por cada grupo para resolver a questão.
De um lado está a Igreja diante de uma perseguição mesquinha, politiqueira e injusta. E o que ela faz? Segundo Lucas “havia oração incessante a Deus”. Os cristãos levantaram um grande clamor para que a situação fosse resolvida. O resultado foi o envio de um anjo para libertar a Pedro da prisão, um milagre tão extraordinário que o próprio apóstolo custou a acreditar no que estava acontecendo. O mesmo ocorre com os irmãos que estavam em oração.
Em seguida Lucas descortina o impasse entre Herodes e as cidades de Tiro e Sidom. Para resolver o problema o povo foi em busca de um certo camareiro chamado Blasto, alguém que hoje poderia ser decifrado como um tipo de assessor direto. Afinal, eles dependiam do abastecimento do rei. Como resultado do encontro, fica acertado um dia em que Herodes iria se apresentar a uma multidão para discursar, fazendo-nos lembrar os comícios atuais ou as apresentações públicas de um político. A bajulação é geral quando o povo chama o governante de deus – prática comum da época. Neste momento o Senhor envia o seu anjo para matar o rei (penso se não seria o mesmo anjo que libertara a Pedro).
Um problema quase idêntico, dois povos, duas atitudes distintas, duas respostas de Deus. Com base neste fato, eu gostaria de fazer algumas considerações:
1) Em política a nossa esperança deve ser o Senhor pela oração. Quando a Igreja enfrenta um problema que está acima do seu poder de decisão, resta apenas orar em submissão ao Senhor. Isso não se aplica apenas aos problemas políticos que sofremos, mas também quando padecemos devido a um salário curto, perseguição no trabalho etc. Veja que eu não estou dizendo que o crente deve ser sempre passivo no desenrolar das práticas sociais, creio até que podemos protestar, refletir e até lutar pelos nossos direitos constitucionais, mas isso não pode ultrapassar a moral cristã que é totalmente embasada no amor e na submissão ao reto Juiz e supremo Governante;
2) Em política a nossa visão não deve se restringir ao egoísmo. A visão política deve incluir a sociedade e não apenas os meus interesses particulares. O povo de Deus não deve se aproveitar da política para benefício pessoal ou religioso restrito, principalmente quando ocorrem mediante os conchavos escusos, as promessas irresponsáveis, os desejos que visam apenas uma pequena parte da sociedade e a bajulação em troca de favores. Os governantes não devem ser vistos como se fossem semi-deuses para a resolução dos problemas. Fazer isso é retirar do nosso Deus a glória devida. Respeitar os políticos conforme a lei, sim; bajular, nunca!
3) Em política a nossa identidade é o Reino de Deus. Muitas vezes falta em nós, cristãos, a visão que distingue a Igreja do Estado (tais terminologias devem ser interpretadas conforme a História). O frenesi das campanhas eleitorais parece mais um desfile de moda onde cada um admira aquilo que deseja consumir. Nossa consciência deve se firmar a partir das Escrituras, ou seja, devo agir como um cidadão do Reino de Deus que peregrina nesta terra, e não como um cidadão da terra que peregrina no Reino de Deus. Nossa maior submissão continua sendo ao Senhor. E, pelo que entendo, isso não vai mudar por toda a eternidade.
Lucas encerra a seção dizendo que “a palavra do Senhor crescia e se multiplicava”. Creio que esta é a nossa maior meta, muito acima dos nossos interesses pessoais, dos nossos direitos sociais ou das nossas preferências partidárias. Caso haja algum problema, a melhor pessoa para resolvê-lo é o Senhor Deus que “não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” Como os políticos e governantes estão eternamente longe deste caráter! Como nós somos bem aventurados por depositar a nossa esperança neste maravilhoso Deus.
SOLA SCRIPTURA
Um comentário:
Pr Alfredo! concordando mais uma vez, com sua teoria, observo bastante o ítem 3. Realmente se todo cristão atentasse para os estatutos de Deus e submetesse o compromisso de servir a ELE como o SER Soberano,como o Deus dos deuses e não se entregasse de forma triste e ridicula, a cidadania tomaria o rumo certo.Mas já avançou muito a hipocrisia, ao ponto de atingir igrejas que comprometem o voto dos membros como forma de agradar a homens e angariar valores que não agradam ao Senhor Deus.Já imaginou, quando o anticristo estiver agindo graciosamente, prometendo "o melhor", quantos seguirão, se é que já não estar acontecendo. Por isso está escrito muitos serão chamados MAS poucos serão escolhidos. Meu coração entristece muito com a rotina diária em que não só em política partidária, mas em outros seguimentos da vida, uma palavra" com tom mais empregnado de falsa autoridade tem percussão terrível na mente humana ao ponto de afastar pela credulidade à coisas vis, o coração, atingindo de forma tal, que para mover o sentimento inverso deve-se agir com cautela,temperança e orando, aplicando o conhecimento da Palavra divina, aguardar a ação de Deus, que certamente já estará condução das causas. Por isso está escrito e precisamos não esquecer: orai e VIGIAI para NÃO cairmos em tentação, ou seja, não sermos tentados a achar que tudo é simples. DEus seja louvado em sua vida, Pastor.Que Ele seja como sempre é, sua bússola, seu castelo forte em todos os momentos. Também seja o Deus fiel,condutor de suas ovelhas para que tenhamos dias de paz em um mar revolto, soltando o cabo da nau, tomando os remos na mão. Amés.
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