DE QUEM É A RESPONSABILIDADE?


Recentemente o Brasil acompanhou a dor de três casais que perderam o filho no momento em que estavam numa creche. O noticiário mostrou o sofrimento atroz e a busca de uma resposta para a tragédia impiedosa e desesperadora por parte dos pais. Como pai que sou sinto-me solidário para com essas famílias enlutadas.
Mas além da perplexidade, também refleti um pouco sobre o caso do pequeno Gabriel de 7 meses que possuía Refluxo Gastroesofágico, problema que provoca o vômito ou regurgitação do alimento. Era uma criança que requeria cuidados especiais e uma vigilância ininterrupta, principalmente quando estava dormindo. Não quero de forma nenhuma criminalizar os pais ou os funcionários da creche, isso cabe aos investigadores. Meu objetivo é pensar um pouco sobre de quem é a responsabilidade de cuidar de uma criança, principalmente nos primeiros anos de vida.
Hoje o mundo ocidental vive o frenesi do consumo fazendo com que o indivíduo busque mais e mais a prosperidade financeira. O desejo de ter para ser proporciona horas de trabalho exageradas, além de impulsionar a mulher ao mercado de trabalho juntamente com o marido. É aqui que esbarramos no dilema da criação dos filhos. É justo deixá-los a mercê das creches ou dos parentes próximos ou a responsabilidade cabe aos pais? Pensemos um pouco no que são os nossos filhos:
1. Filho é incompatível com o trabalho desenfreado. Não estou aqui condenando o trabalho pelo sustento. Até mesmo mães e pais solteiros ou divorciados precisam proporcionar o mínimo para a sobrevivência digna e honrada dos filhos. Mas acredito que não é correto abandoná-los em nome de encargos que tomam muitas horas do dia. Nesse contexto é que entra o papel da mãe como aquela que está próxima para proteger e criar. Infelizmente muitas mães sequer possuem um tempo reduzido com os filhos. O contato só ocorre quando a criança já está dormindo. Até mesmo os pais negligenciam o tempo de qualidade com a família em nome dos serões ou dos encontros com os amigos no final do expediente. A ausência certamente acarretará em problemas emocionais e sociais graves à criança no futuro.
2. Filho é prioridade das mães. Esse raciocínio é tão contundente que o Estado proporciona uma licença compulsória para que as mães possam exercer a maternidade sem interrupção. Muitas não sabem do sofrimento que os filhos vivem por conta da ausência diária que resulta num sentimento de desprezo. Quando se está diante da carreira e, ao mesmo tempo, da criação de um filho, não há como negar a prioridade deste filho acima das pretensões profissionais. Ninguém é obrigado a se tornar mãe, ninguém é obrigado a conceber, ninguém é obrigado a abandonar o trabalho para cuidar de crianças. Se alguém quer se dedicar ao trabalho e prosperar na vida financeira deve então, nesse caso, optar por não ter filhos. Se um casal procria, logo estão estabelecendo prioridades. Assim como Paulo afirmou que para o evangelista o melhor é continuar solteiro, eu afirmo que para as mulheres que preferem trabalhar na busca da realização pessoal ou para melhorar a renda do marido o melhor é não ter filhos. Parece uma afirmação dura, mas perceber o sofrimento de tantas crianças, adolescentes e jovens pela ausência dos pais, principalmente da mãe, isso sim é algo duro e chocante.
3. Filho é o nosso campo educacional. Muitos imaginam que a responsabilidade educacional do filho cabe à escola e à igreja. Isentam-se de ensiná-los a Lei do Senhor que direciona todo o olhar para o mundo em que vivemos. A cosmovisão cristã sempre é abafada pela mídia, pelo evolucionismo ateu e pela criação impessoal proporcionada pelas empregadas domésticas, creches ou professores. A disciplina, privilégio restritíssimo dos pais, é um bem negligenciado hoje em dia. Como o tempo com o filho é reduzido aos mirrados finais de semana, os pais, com crise de consciência, não aplicam a disciplina, ao contrário, oferecem uma tolerância prejudicial, desafeiçoada e desamorosa. Filhos que são entregues a si mesmos não desenvolvem o princípio de autoridade, noção que em muito prejudica o relacionamento com Deus. Não esqueçamos, a responsabilidade de evangelizar, de doutrinar, de transmitir conhecimento e de moralizar é prioritariamente dos pais. A igreja, a escola, o sábio conselho dos amigos e parentes são ferramentas periféricas que consolidam a educação no lar.
Eu sei que um texto como esse está na contramão da sociedade em que vivemos. Mas acredito que o futuro dos filhos dirá quem está com a razão. Não tenho medo de errar ao afirmar que vale muito mais um filho equilibrado e crente diante das dificuldades financeiras do que uma vida abastada com o filho desequilibrado e longe do Senhor. É por isso que a pergunta continua no ar: de quem é a responsabilidade?
Sola Scriptura.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...