TERMINA MAIS UM ANO!



Termino o ano com uma sensação de impotência e profunda tristeza devido ao país em que vivo. Esta sensação não ocorre por causa dos meus amigos achegados, ou por causa dos irmãos na fé, muito menos se refere aos colegas de trabalho, de ministério ou à denominação que sirvo. A sensação ascosa se dá exclusivamente pelas notícias sobre a corrupção instaurada entre os políticos do Brasil.
O nepotismo, a ladroagem, a mancomunagem, a prevaricação, a improbidade, o desvio, são cada vez mais práticas livres e destituídas de punição e decência. Ainda por cima, a imunidade parlamentar, que hoje não faz mais sentido algum devido à democracia vigente, apenas privilegia aqueles que se colocam muito acima do bem e do mal.
Que desanimador, eu vivo num país onde a sonegação de impostos é punida com severidade, mas os gastos públicos torpes são celebrados com pizza ou, mais recentemente, com panetones e oração evangélica de gratidão ao deus Mamom.
É interessante notar que esse problema não é difícil de detectar. Aliás, o velho Max Weber já dizia que há dois tipos de políticos: o que vive para a política e o que vive da política. O primeiro possui a ambição política em si mesma, é aquele que deseja fazer política para o outro, é o que trata a coisa pública como algo que não lhe pertence. Já o segundo é o bandido que se rebaixa ao patamar do valor meramente instrumental a serviço de si mesmo, ou seja, trata a coisa pública como propriedade privada e dela extorque a sua prosperidade financeira e simbólica. É aqui que encontramos o problema: o uso criminoso daquilo que não lhe pertence como se fora um bem particular.
Diante de tanta desilusão percebo que possuo o honrado dever de inundar a minha mente com a lucidez da Palavra de Deus. E quando isso ocorre, descubro dois pontos cruciais sobre o tema em tela:
1) O Político é resultado da depravação total. Para alguns pode parecer um clichê reformado, mas não é. Quando eu vejo pessoas comuns invadindo a calçada com mesas e cadeiras para receber a clientela de sua pequena lanchonete; ou quando vejo alguém cobrando dinheiro para que outro possa estacionar em lugar público; ou quando alguém coloca o próprio carro em cima da calçada; ou quando o patrimônio público (como fios, metais, chapas galvanizadas etc.) é saqueado por inescrupulosos; ou quando um caixa de padaria não emite cupom fiscal do pãozinho vendido; quando tudo isso e mais coisas acontecem, percebo que o político não é um corrupto isolado, ele não é diferente do restante da rede social brasileira. Isso mesmo, pois a calçada é um espaço público onde devo caminhar livremente. O mesmo ocorre com os fios, chapas ou qualquer outro material pertencente ao patrimônio público, tudo está a serviço da sociedade. No caso do documento fiscal, quando o comerciante me cerceia desse direito, ele, na verdade, está embolsando todos os impostos embutidos que eu estou pagando. Como podem ver, somos roubados varias vezes na “cara dura” e nem nos apercebemos mais. O mais irônico é que a mesma sensação de impunidade sentida pelo político é a mesma sentida pelos malandros que roubam na nossa cara. A natureza depravada é a mesma nos congressos e nas ruas.
2) O Reto Juiz a tudo julgará. Eu sei muito bem que este mundo não é a última fronteira da alma humana. Ao contrário, é o começo de uma eternidade pós-morte. Não posso negar que sinto certo alívio quando lembro que os depravados serão julgados pelo Santo Tribunal. Ninguém ficará impune e nada terá como desfecho uma pizza ou um panetone. Aliás, a única coisa que haverá depois do juízo é o que Apocalipse chama de lago de fogo e de enxofre, morada eterna do Diabo e seus seguidores. Nesse local não haverá diversão, mas somente choro e sofrimento. Os políticos (frutos da sociedade depravada) arderão no inferno caso não se arrependam do seu mal como fez Zaqueu diante do chamado irrecusável do Senhor Jesus.
Bem, com tudo isso afirmo que encerro o ano com duas sensações distintas: por um lado, como eu gostaria que houvesse punição no Brasil nos níveis de alguns poucos países da Europa e América do Norte. Como eu gostaria de ver pelo menos um político atrás das grades pagando por seus crimes sujos e abomináveis, apenas unzinho, mas parece que isso não acontecerá. Logo, a primeira sensação é a descrita no início do texto: impotência e profunda tristeza. Por outro lado, faço como o profeta Jeremias que desejou encher a mente com o que realmente interessa. Quero sempre lembrar que o meu Senhor é misericordioso, gracioso, soberano e justo. Ele, em meio a todo esse absinto na boca, é a minha porção, portanto, esperarei nele.
Concluo dizendo que sinto pena daqueles que restringem a vida a este mundo, daqueles que não possuem a graça, daqueles que se corroem diante das atrocidades da vida totalmente destituídos de esperança. Isso porque, para mim, mesmo com tanto desencanto ao redor, tudo isso serve para ratificar a minha peregrinação e o meu anseio pela eternidade com o Senhor.
Portanto, que o ano vindouro seja como todos os anos da minha vida desde o momento em que Jesus passou a ser o meu Senhor, transformando-me em cidadão do céu. Que em 2010 eu veja mais uma vez a graça do Senhor Deus em meio a todo o lamaçal da depravação humana.
Fora todos os corruptos impunes. Toda glória ao Deus santo e justo!
Sola Scriptura.
P.S. A foto acima que mostra dinheiro na meia é de um prefeito da região centro-oeste. Para mais detalhes veja a reportagem clicando aqui.

É NATAL! E AGORA, O QUE ESCREVER?



Fiquei a pensar sobre o que escrever em mais um Natal. Não que os assuntos sejam escassos, a questão é que todos já estão mais que batidos.

Eu poderia escrever sobre a imprecisão da data, ou seja, que Jesus não nasceu em Dezembro ou Janeiro (como quer a Igreja Cristã Oriental), pois essa época é extremamente fria na região da Judéia e os pastores, conforme o Evangelho de Lucas 2: 8 – 20, não estariam no campo com suas ovelhas. Aliás, por esta informação do evangelista, o nascimento do Salvador se deu, provavelmente, entre maio e julho.

Eu poderia escrever sobre a já tão batida questão da incorporação do paganismo romano ao cristianismo. Refiro-me às antigas comemorações do solstício, festa celebrada pelos pagãos do império romano e que serviu de inspiração para o atual “25 de dezembro”. Poderia até reforçar dizendo que a Igreja Primitiva, antes da suposta conversão de Constantino, nunca festejou o nascimento de Jesus.
Eu poderia escrever sobre os elementos estranhos que nada têm a ver com Jesus. Temos a árvore e a guirlanda, elementos da flora que serviam como objetos de adoração aos antigos nórdicos, elementos esses que passariam a simbolizar o Natal. Há as luzes que tremulam nas casas, perpetuando a memória das velas utilizadas nos templos católicos. Há o São Nicolau de Myra (conhecido por aqui como Papai Noel) que, com sua indumentária “made by Coca-Cola Company”, alegra a imaginação dos que querem receber presentes e agrados.
Eu ainda poderia escrever sobre o maldito consumismo exacerbado estimulado pela mídia que, por seus fortes apelos, leva muitos ao crime do roubo. Há a famosa “depressão natalina” que aumenta os rendimentos dos psicólogos e dos psicanalistas. Há as mensagens de solidariedade, amor e caridade, mensagens essas totalmente esvaziadas de sentido.

Como vocês podem ver, eu poderia revelar muita coisa...
Mas o que importa tudo isso? Em que cresceríamos diante dessas informações tão batidas? Diga-se de passagem, o Natal como comemoração mais divide do que ajunta, mais rui do que edifica, mais escandaliza do que estabiliza. E é por esse motivo que, para mim, o Natal nada significa.

Aliás, o Natal nada tem a ver com o fato de que Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Ou seja, vindo a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. Como resultado, posso afirmar que fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal (João 3: 16, 17; Gálatas 4: 4, 5; 1 Timóteo 1: 15). Não, não, esta poderosa mensagem nada tem a ver com o Natal. Natal é vazio, Natal trata de paz e amor que não ultrapassam o coração depravado do homem sem Cristo.

O que escrever a mais? Apenas isto: muito obrigado meu Senhor pelo nascimento do meu Salvador, evento histórico que ratificou a minha salvação e eleição. Evento que nada tem a ver com as celebrações do Natal!

Sola Scriptura!

A IGREJA DESNECESSÁRIA


A Igreja cristã sempre sofreu todo tipo de ataque ao longo de sua trajetória por meio das investidas despóticas promovidas pelos impérios e nações cheios de ódio; por meio das agressões violentas proporcionadas pelos religiosos cheios de preconceito; e por meio das injúrias impiedosas promovidas pelos intelectuais ateus ou agnósticos cheios de orgulho e soberba.


Dentre tais ataques, há um que se apresenta como a pior de todos, trata-se do acometimento sutil que nasce e se desenvolve dentro da própria Igreja para confundir os que querem se firmar na fé. Não foi à toa que certa vez Jesus alertou seus discípulos sobre o joio de Satanás que seria semeado em meio ao trigo do Senhor. Da mesma forma, o apóstolo Paulo, no final da sua vida, exortou Timóteo, um de seus sucessores no ministério pastoral, para que pregasse a Palavra sob qualquer circunstância, pois muitos cristãos nominais não iriam mais sustentar a sã doutrina, ao contrário, estariam sempre cercados de “pregadores” com mensagens favoráveis aos desejos pecaminosos. Também Judas afirmou que homens não tementes a Deus entrariam no meio do povo cristão sem serem notados para torcerem a mensagem da graça divina a fim de arranjarem uma desculpa para a vida imoral. Fica claro, então, que o ataque interno é o mais perigoso e destrutivo que existe. Portanto, resta saber como se dá esse ataque, quem são os inescrupulosos, o que ensinam e que tipo de igreja eles promovem e apresentam ao mercado.

Ao ponderarmos sobre este assunto com mais acuidade, descobriremos que não é difícil identificar tais igrejas hoje. Quero inicialmente fazer uma abordagem do ponto de vista teórico e do ponto de vista prático.

Do ponto de vista teórico, elas se caracterizam pela postura humanista. Para uma melhor compreensão, é importante estabelecer aqui a diferença entre o humanismo e o humanitarismo. Humanitarismo é a preocupação com a dignidade humana proporcionada pela liberdade, pela justiça imparcial e pela igualdade. É a luta para que as injustiças sociais promovidas por sistemas pecaminosos e opressores sejam exterminadas. É, afinal, a postura resultante da exortação do Senhor descrita pelo profeta Isaías ao afirmar que a santidade anda de mãos dadas com o humanitarismo: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas.” Já o humanismo vai muito além, é a tendência de alocar o homem no lugar de Deus. Embora o termo “humanismo” seja mais ou menos recente do ponto de vista da jornada humana neste mundo, a postura ocorre desde a tentação do Éden. Historicamente também o percebemos no discurso dos sofistas, na proposta da renascença, e no fulcro da modernidade até os dias de hoje. Ao contrário do que muita gente pensa, a referência dos humanistas não é o ser humano em relação a si mesmo, mas o ser humano em relação a Deus. É nesse sentido que entendemos as tendências que ficaram conhecidas por deísmo, agnosticismo, relativismo, panteísmo ou ateísmo.

Do ponto de vista prático, tais igrejas possuem uma preocupação obsessiva: o crescimento numérico. Isso não significa dizer que o crescimento de uma igreja seja algo errado, pelo contrário, cada cristão deve evangelizar com responsabilidade e ininterruptamente para que Deus possa alcançar os seus eleitos. A questão aqui não é a evangelização, e sim a forma que se utilizam para crescer. Há uma expressão que explica a metodologia utilizada, a expressão é “pescar em aquário”, que significa o crescimento pragmático em detrimento da qualidade e do comprometimento com a santa Lei. Em outras palavras, o alvo principal não são os que estão no mundo, o alvo principal são os que já estão em alguma igreja cristã. É a sedução pela célebre frase: “venha para a minha igreja porque ela é melhor do que a sua.” São entidades abarrotadas de professos de outras igrejas, é o crescimento cínico que acontece sem ética e sem compromisso.
Com base nesses dois pontos de vista, quero especificar algumas características específicas que ajudam na identificação desses grupos, ou seja, ressaltar os desdobramentos do humanismo que, oferecidos e barganhados em todos os setores da sociedade, envergonham o genuíno Evangelho. São os donativos que buscam seduzir e agradar ao homem em detrimento de Deus, são os atrativos estranhos às Escrituras. Há, ao meu ver, quatro tipos de igrejas: a do ceticismo, a do mercado, a do entretenimento e a do sectarismo.

A igreja do ceticismo. Muitos acreditam que, para tornar o cristianismo interessante à sociedade, devem encerrá-lo nos porões da ignorância e da ingenuidade. Afirmam que a Bíblia está cheia de mitos e de mensagens que não passam de metáforas textuais. É a adaptação da Igreja às críticas impiedosas das academias e dos que crêem que somente a ciência deve ser tida como um conhecimento confiável. A pressão ocorre sobre os que acreditam na inerrância e na total inspiração das Escrituras, é a tentativa de desmoralizar e envergonhar o cristão que passa a ser acusado de “néscio” e “fanático”. Os líderes sempre são simpáticos na convivência, mas implacáveis em suas afirmações. São indivíduos que tem causado muito mal aos eleitos de Deus, pois o único objetivo que possuem é a satisfação em se reconhecerem como intelectuais “amadurecidos” e inteligentes capazes de elaborar explicações racionalizadas que desprezam o sobrenatural e os milagres. Embora, de todos os movimentos perversos, este seja um dos menores grupos no cenário nacional, sua proposta sórdida é corrosiva e destruidora, levando os seus discípulos ao desespero e à desonestidade para com a convivência respeitosa entre o conhecimento teológico e o conhecimento filosófico e científico. Em suma, a igreja cética possui a vocação para reduzir o reino de Deus em um grande questionamento.

A igreja do mercado. Aqui temos o maior grupo no Brasil hoje. São as igrejas que transformam o cristianismo em um grande hipermercado de opções. As ofertas variam entre a possibilidade da boa saúde, de muito dinheiro no banco, do prestigio total, enfim, da total satisfação garantida. Basta pagar, e pagar caro, pelos serviços divinos para que possam usufruir das benesses que transformam o Deus justo e Santo em um melancólico despachante celestial “encurralado” por seus “súditos” cheios de “autoridade”. O principal objetivo de seus líderes é o enriquecimento fácil à custa da boa fé popular ou por meio da promiscuidade político-partidária que faz com que seus pastores estejam nas folhas de pagamento do setor público ou ainda pelo desvio do dinheiro público para o financiamento da construção dos templos destinados à negociata espiritual. Vale tudo para enganar: objetos sagrados, água do rio Jordão, óleo bento, teatralização da fé, etc. Além disso, a autoridade dos líderes migra do poder da Palavra para os títulos inusitados de “bispo”, “apóstolo”, “arcanjo” etc. Este é, sem dúvida alguma, o lado piegas e bizarro daqueles que destroem a fé bíblica por meio da perseguição ideológica e utilitarista. Em suma, a igreja do mercado possui a vocação para transformar o reino de Deus em um grande shopping center.

A igreja do entretenimento. Um dos pontos mais críticos nas igrejas hoje é a confusão entre show e culto. É quando o show se torna um culto e quando o culto se torna um show. O alvo principal não é agradar a Deus por meio da adoração, comunhão e louvor, mas entreter aos que estão presentes. O objetivo é fazer um culto “gostoso” aos participantes que buscam o bem-estar acima de qualquer outra prática. Não estou defendendo aqui o culto ranzinza, chato e destituído de alegria, o que estou dizendo é que o culto solene deve também conter temor e tremor, pois quanto mais enxergamos a graça de Deus, muito mais tememos diante desse Deus gracioso. Nesse contexto de que tudo é alegria, há também a disseminação de que a misericórdia de Deus existe apenas para afrouxar a busca pela santidade. Com isso desprezam a advertência do apóstolo Paulo quando diz: “Será que devemos viver pecando para que a graça de Deus aumente ainda mais? É claro que não! Nós já morremos para o pecado; então como podemos continuar vivendo nele?” Em suma, o que encontramos aqui é a oferta de um cristianismo sem revezes por utilizar os modelos do mundo em suas práticas. E se não há hostilidade por parte do mundo, logo se torna um cristianismo sem dor, sem sofrimento, sem repressão da cobiça, sem perseguição. É a doutrina que relativiza o pecado em detrimento dos valores a muito defendidos como: a virgindade até o casamento, a luta contra o divórcio, a incontaminação que nos afasta da licenciosidade das boates e das bebedeiras. Em suma, a igreja do entretenimento possui a vocação para transformar o reino de Deus em um grande parque temático.

A igreja do sectarismo. Não há nada pior nesse mundo que um espírito sectário. É triste perceber tantas pessoas que se arrogam afirmando que somente elas possuem o caminho verdadeiro. É óbvio que eu creio que há somente um caminho que conduz a Deus, esse caminho é Jesus, portanto não é nesse sentido que eu estou falando. O sentido dado aqui é a manipulação do Evangelho que passa a ser brutalmente desfigurado apenas para ufanar os indivíduos. Não é sem propósito que a esmagadora maioria destes grupos sempre afirma que a existência de suas igrejas está embasada num pseudo-propósito de Deus em retificar a sua igreja na terra, uma vez que já está farto das demais denominações cristãs. Afirmam também que a sua origem se deu por uma revelação direta a um líder específico. São grupos que colocam em pé de igualdade com as Escrituras tais revelações que, posteriormente, se tornaram livros sagrados. Como resultado, pregam dizendo que a salvação, a revelação divina, o usufruto das bênçãos, o contato com Deus só podem acontecer sob suas doutrinas particularmente reveladas. Logo, as demais igrejas são satânicas e proscritas. A triste conclusão é a de que há somente um único caminho que conduz a Deus, e esse caminho não é Jesus, esse caminho é a igreja que fundaram e defendem. Ao olhar para a minha própria igreja, contrastando-a com outras denominações fiéis ao Senhor, sempre me lembro que o Reino de Deus não está circunscrito a uma instituição, mas está sempre presente onde estão os eleitos de Deus. Em suma, a igreja sectária possui a vocação para transformar o reino de Deus em uma seita restrita.

Concluo dizendo três coisas: primeiro, embora o humanismo seja uma terminologia recente, sua essência, como já afirmei, existe desde a tentação no Éden, é a postura que sempre caminhou contra o povo de Deus; segundo, o Senhor sempre alertou o seu povo contra os falsos líderes, os falsos pastores, os falsos mestres cuja manifestação poderia até enganar um eleito: “...pois surgirão falsos ungidos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Estai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito.” Terceiro, a única arma contra tudo isso é a Palavra de Deus que deve ser lida, meditada e vivida. Infelizmente não há como se livrar de tantos erros disseminados, mas pelo menos, por meio da revelação especial de Deus, podemos conhecer a banda desnecessária da Igreja de Cristo.

Sola Scriptura

PREGAÇÃO DA PALAVRA, UMA NECESSIDADE ABANDONADA



Vivemos hoje tempos difíceis, tempos que se levantam contra a Verdade de Deus, tempos que tentam relativizá-la ou até destruí-la. O mais estarrecedor é que esta calamidade também ocorre dentro dos espaços que são identificados como evangélicos. E dentre as muitas oposições mencionadas destacam-se: relativização da Lei de Deus, amenização do pecado, desfiguração da teologia, descaracterização do culto e a descentralização de Cristo em nossa vida. Isso, todavia, não surpreende, uma vez que o mundo está sob o controle do maligno ou, como afirma João, jaz no maligno. Tal expressão significa dizer que o presente século encontra-se no regaço de Satanás para cumprir os seus maus desígnios para impregnar o coração do homem de pecado e, conseqüentemente, impregná-lo da morte (que significa separação de Deus). É triste perceber que muitas igrejas estão habitadas por cadáveres que estão amoldados à cobiça da carne, cobiça dos olhos e à soberba da vida.
Neste contexto nefasto surge uma pergunta: qual a solução para esta situação? Como combater o secularismo que destrói o mundo e enfraquece o rebanho? A solução encontra-se na defesa e na pregação das Verdades imutáveis do Senhor Deus contidas nas Sagradas Escrituras, pois somente assim perceberemos quem, de fato, é do Senhor, e quem não é. Somente a divulgação, obediência e vivência das Escrituras proporcionará a saúde do rebanho e o contraste com o mundo de Satanás.
Foi exatamente isso que Paulo alertou ao seu filho na fé, Timóteo, quando escreveu: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.” (2 Tm 4: 1 5).
Esse poderoso texto, escrito pouco antes do martírio do apóstolo, mostra-nos três aspectos da pregação da Palavra diante do mundo:
1) Trata-se de uma exortação importantíssima. A ordem de Paulo é solene quando apela para o que mais tinha de precioso em sua fé. Primeiro o próprio Deus Pai Todo-Poderoso, seguido de seu Filho Jesus, o grande Juiz que a todos julgará no dia da manifestação e, por fim, o próprio Reino onde Paulo habitava e trabalhava como servo. A exortação traz um tom extremamente solene na expressão “conjuro-te”, termo que significa “testemunho-te”. Aqui encontramos o velho apóstolo lançando o olhar para a sua própria vida descrita a seguir quando diz: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.” Em outras palavras, a exortação apostólica começa dizendo: “com base no meu testemunho diante de Deus, seu Filho e o Reino: prega a Palavra!”
2) Trata-se de uma prática contra o paganismo. Paulo mostra a necessidade dessa pregação que deve ser insistente (significado de “insta”), deve ser em qualquer momento e deve atingir a integralidade do ser (significado de “corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina”). Os tempos seriam difíceis quando muitos, dentro da igreja, não ergueriam mais a Lei divina e, em seu lugar, colocariam fábulas que satisfizessem à cobiça. É nesse sentido que o apego inegociável à Palavra deve ocorrer. Nada pode ofuscar aquilo que Deus nos deixou como sua bendita e perfeita vontade. Nada, por menor e aparentemente inofensivo que pareça, pode encontrar morada em nosso coração e, conseqüentemente, na igreja. Tudo deve passar pelo crivo das Escrituras. Essa argumentação final não apenas exorta a vivência, mas o cumprimento do serviço dado por Deus, que no texto foi traduzido por ministério.
3) Trata-se de um contraste para com os traidores. Não basta apenas pregar essa Palavra, mas vivê-la totalmente. Como vimos no primeiro ponto, o próprio apóstolo evoca o seu testemunho, e agora encoraja Timóteo a demonstrar o seu. Não podemos tratar a Palavra como profissionais, mas como viventes cheios de temor e tremor, cheios de compromisso, cheios de amor.
Em suma, a célebre exortação de Paulo a Timóteo, feita solenemente, baseia-se na própria vida do apóstolo, no poder de Deus, na majestade de Cristo, na existência de seu Reino, na necessidade de se combater os mundanos, e no resultado pessoal que faz de nós sóbrios e trabalhadores na igreja. Portanto, é nossa responsabilidade viver, preservar e ensinar essa Palavra para que continuemos como um povo distinto do mundo, distinção demarcada pela presença bendita do Espírito Santo. Nesse aspecto enceramos a presente meditação com as palavras do apóstolo: Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem! (Rm 3: 4).

DE FÉRIAS!


Bem, estou de férias no Ceará. O tempo aqui tem sido precioso com a família (estou com minha amada esposa, meus dois filhos e minha mãe). Muito camarão e praia para descansar das atividades conciliares, eclesiásticas e acadêmicas.

Retorno só mês que vem.

SOLA SCRIPTURA

O PASTOR PROFISSIONAL


Sempre que um pastor for indagado sobre a sua profissão, qual deve ser a resposta? Incomoda-me quando afirmam que são pastores, ou seja, que a profissão que exercem é a de pastor. Quando tenho oportunidade de conversar com esses colegas mais próximos, sugiro que respondam: autônomo em vez de pastor. É claro que muitos discordam.

Mas o tipo de resposta a ser dada não é o problema que quero levantar nessa postagem. O ponto está mais além e é muito mais complexo. Inicialmente quero iniciar definindo o que significa ser um pastor e o que significa ser um profissional. 
Por pastor entendo um ministério, um serviço dedicado ao Reino, ou seja, alguém que exerce o dom do Espírito Santo no cuidado de um rebanho de acordo com as normas contidas nas Escrituras. É um trabalho que não visa a promoção pessoal e nem o lucro, embora dele retire o seu sustento. Trata-se de um ministro do Evangelho. Por profissional entendo alguém que luta por uma carreira bem sucedida que se estabelece pelo reconhecimento vindo de outras pessoas. Também é a busca do progresso técnico que exige resultados mensuráveis cujo corolário é a recompensa que surge por meio de altos salários e de uma boa aposentadoria. 
Não há nenhum problema em ser um bom profissional na empresa ou na instituição pública. A questão é quando o ministério pastoral se profissionaliza. Isso, sim, traz prejuízos à Igreja e ao propósito de Deus quanto ao amparo e, até mesmo, a proteção do povo. Como já disse, o trabalho pastoral deve ser visto como um ministério. Trata-se de um servo que preside, de um pai que cuida, de um mestre que doutrina ou de um enfermeiro que trata. Resumindo, o pastor é aquele que dá a vida pelo rebanho e o vivifica pelo poder de Deus. 
Já o pastor profissional é aquele que não se dedica mais ao propósito principal no qual fora vocacionado. Ele passa a não mais se importar com a simplicidade do ministério. Sente necessidade de se perceber confortável e seguro de si e por si mesmo, não importando os prejuízos que isso possa causar à igreja. Busca um futuro previsível e um presente que satisfaça os desejos egoístas. A visão que possui passa a ser regida pelo humanismo e sente a necessidade de ser notado por aqueles que deslumbram o seu aparente sucesso. Ou seja, são pastores que pastoreiam a si mesmo, todo o seu esforço é direcionado aos interesses pessoais. 
Não tenho dúvidas que tudo isso causa dor e frustração no meio do rebanho que definha moribundo e desorientado, principalmente quando percebe que o alvo de seu líder espiritual não é mais as ovelhas, mas, sim, o próprio estômago enquanto fingem pastorear. 
Nessa altura surge uma pergunta: como podemos detectar alguém que deixou de ser um ministro do Evangelho e passou a ser um executivo eclesiástico? Como resposta, quero propor quatro características que são facilmente percebidas nesse tipo de gente: 
O pastor profissional é raso no ensino bíblico. Este é um ponto extremamente nocivo à igreja com conseqüências desastrosas. O pastor profissional não possui a menor preocupação em se debruçar sobre livros, comentários ou literatura que possam auxiliar no preparo dos sermões. Não há estudo sério da Palavra, não há compromisso com a Verdade. Tais indivíduos acreditam que podem ir ao púlpito toda a semana e falar o que lhe vem na mente naquele momento, sem se preocuparem com o fortalecimento do rebanho contra o pecado. A tônica é sempre humanista e tolerante sem que haja a denúncia contra o erro ou contra o mundanismo. Isso porque o pastor profissional teme ser confrontado e, por essa razão, sempre quer estar de bem com todos, principalmente com os crentes influentes do meio. 
O pastor profissional não se envolve pessoalmente com as ovelhas. Todos sabem que o pastoreio não se restringe aos principais cultos de domingo. Nenhum ministro de Deus se furta do envolvimento pessoal com o povo por meio do discipulado ou do aconselhamento. No entanto, o pastor profissional não leva em conta este importante cuidado individual. Não cultiva o hábito do pastoreio direto, do acompanhamento pessoal (por intermédio das visitas nas casas ou no trabalho em horário de folga), dos aconselhamentos, dos contatos por carta ou pela Internet (embora o relacionamento presencial seja insubstituível). Para ele tudo isso é perda de tempo. Por vezes a ovelha está necessitando de uma palavra orientadora, mas só consegue ser ouvida quando procura o psicanalista ou o líder de outra denominação mais próxima de si cuja teologia é, muitas vezes, questionável. São casais que vivem sob forte crise, relacionamentos desgastados entre filhos e pais, desempregos que desesperam o coração, enfermidades que atemorizam. São pessoas que gritam em silêncio sem, contudo, obter eco do seu clamor. O pastor que possuem só pode vê-las aos domingos na porta da igreja ao final do culto e que se limita em dizer a mesma frase por anos a fio: “como vai? Que tenhas uma semana abençoada”. Nada mais que isso. Essas pobres ovelhas nunca serão encorajadas a seguir em frente, nunca serão visitadas, nunca serão aconselhadas, nunca receberão uma mão amiga e confiável. Ou seja, nunca experimentarão o que é ser pastoreada, pois não possuem líderes amigos. Esses tais são apenas meros profissionais. 
O pastor profissional só se preocupa consigo mesmo. Personalismo parece ser a palavra de ordem em alguns centros evangélicos. São pessoas que passam a vida lutando por um espaço na mídia. O resultado é o desperdício de milhões de reais utilizados para pagar campanhas inócuas ou programas televisivos vazios que nada dizem além de discursos de auto-ajuda. Mas esse desejo não se restringe aos grandes eventos ou aos grandes espaços continentais. Há também aqueles que desejam fama em seu pequeno universo. Pode ser um Presbitério, uma pequena região ou até mesmo uma igreja local. O alvo é a bajulação que surge por causa de uma pretensa espiritualidade ou de uma suposta inteligência respaldada por títulos e certificados alcançados. Não importa a causa, o importante é o estrelismo. É por isso que muitos pastores profissionais se preocupam com o crescimento numérico de seu rebanho em detrimento da qualidade, embora haja também os que se conformaram com o número reduzido do rebanho. Nesses casos, geralmente, a fama e o prestígio possuem outra fonte fora da igreja local. Outra preocupação desses pastores é a sua renda mensal, o seu ganho financeiro. Sempre defendem cinicamente seus bolsos sem, portanto, merecerem o que pleiteiam ganhar. Buscam apenas os seus direitos em detrimento dos legítimos direitos das ovelhas extorquidas. A meta é ter um emprego-igreja bem remunerado que lhe conceda estabilidade financeira. 
O pastor profissional não é um homem de Deus. Isso significa a ausência de uma dependência total do Senhor na vida por meio do temor, da Palavra e da oração. São pessoas que confiam em si mesmas e não se importam em buscar de Deus a direção certa. Não sentem falta nenhuma de expressar a submissão ao Espírito, submissão esta que o próprio Jesus demonstrou quando esteve aqui entre nós. Não são homens de oração, não são homens da Palavra, não são homens piedosos. Nunca possuem uma vida devocional particular, nunca gemem por causa do pecado, nunca se importam com a vontade de Deus. Sempre agem friamente e com extrema impassibilidade diante de tudo que promove uma vida espiritual compromissada. Na maioria das vezes são irônicos ou cínicos no que dizem ou falam com respeito à piedade. Eles também agem despoticamente para que prevaleça a sua vontade, não obstante a capa de aparente mansidão. São vazios do poder de Deus, são como penhas que não podem alimentar ou fortalecer as ovelhas. 
Quero encerrar dizendo que, para mim, ser pastor profissional nada tem a ver com tempo integral ou parcial no ministério. O ministro pode retirar o seu sustento de um trabalho que não esteja ligado à sua igreja. Todavia, tal trabalho não pode comprometer o tempo de qualidade pertencente ao rebanho quanto ao preparo do sermão e quanto ao envolvimento pessoal. Entre um e outro, o pastorado é prioridade. Se um dos dois deve ser descartado ou penalizado, que seja o trabalho secular. 
Muitas igrejas padecem miséria espiritual porque estão debaixo de um pastor profissional que há muito deixou de ser um ministro de Deus. Vale ressaltar que essa mutação pecaminosa não acontece da noite para o dia, ela ocorre ao decorrer dos anos quando aquilo que causava genuíno espanto, preocupação ou interesse transforma-se em total irrelevância. O que era importante por pertencer ao Reino, passa a ser desprezado totalmente. 
Que Deus nos livre dos pastores profissionais que sufocam as igrejas até o seu extermínio. Que haja entre nós ministros sinceros e cônscios de que escolheram um excelente, sublime e perene trabalho conforme nos diz o Apóstolo Paulo.
SOLA SCRIPTURA

CATÁSTROFES NATURAIS: DEUS É RESPONSÁVEL?


O Brasil e o mundo estão chocados com o número de tragédias naturais que ceifaram centenas de pessoas recentemente. Desde o início do ano assistimos perplexos às chuvas torrenciais no sul e sudeste brasileiros que desalojaram e destruíram várias famílias, principalmente crianças e idosos.

Tais acontecimentos inquietam o coração e trazem o choro de tristeza e de condolência. O sentimento interior é como se as entranhas fossem retorcidas violentamente, virando-as do avessoo de profundo pesar para com tantos que sofrem perdas irreparáveis. Por outro lado, há a promoção da solidariedade, pois é dever de cada um fazer o mínimo diante do máximo. Como é bom participar de campanhas solidárias destinadas aos flagelados. Cada um deve fazer a sua parte diante do quadro aterrorizador e destrutivo, embora saibamos que muito mais poderia ser feito.

Sempre que nos deparamos com as tragédias naturais, não podemos escamotear o fato de que há um Deus perfeito e justo que a tudo contempla. Nada escapa à sua observação, pois seus olhos estão em toda parte, perscrutando a tudo que passa nesse mundo e fora dele. A perplexidade aumenta quando sabemos que ele também é um Deus de amor, graça e misericórdia. E é exatamente aqui que surge a pergunta:

"Como conciliar o caráter de Deus com acontecimentos tão destrutivos?"

Essa complexa indagação tem gerado muitas discussões acaloradas entre os teólogos e cristãos ao redor do mundo, suscitando as mais diversas opiniões.

Nesse caldeirão de debates há os que se alinham ao humanismo vigente e afirmam que Deus apenas permite que tudo isso ocorra. É como se ele visse o mal iminente e, ou por incapacidade ou por desejo próprio, aceita com passividade. Outros recrudescem mais ainda e afirmam que Deus, por abrir mão da sua soberania, simplesmente não sabe nada sobre o futuro e, assim como os seres humanos, fica surpreso com os acontecimentos e torce para que haja o mínimo de perdas entre as vítimas. Há ainda os que acreditam que Deus deixou o mundo a sua própria sorte como se estivesse distante ao ponto de não se envolver com os acontecimentos terrenos. Usando os rótulos como resumo, tais pessoas são simpatizantes da teologia arminianateologia do processoteologia relacional ou teologia deísta.

Embora haja diversidades nas nuances, o fundamento do que foi colocado até aqui é o mesmo, ou seja, Deus é, de alguma forma, limitado em sua pessoa e caráter. É como se tivéssemos uma divindade mensurável cuja escala é profundamente demarcada pela efemeridade humana, ou seja, a divindade é a imagem e semelhança da criatura. Em suma, o homem é que é a medida de todas as coisas e Deus não poder ser excetuado desse processo.

Na contramão de todas essas afirmações, a minha visão destoa em absoluto. Eu creio num Deus que a tudo rege e que em tudo cumpre o seu propósito. Creio também que as catástrofes são todas determinadas por ele e tudo acontece segundo a sua vontade. Diante disso, e baseado nas Escrituras, mais particularmente em Jó 36: 22 a 37 ;13, quero propor três pontos que estão presentes nas determinações de Deus sobre a natureza. O que quero dizer é que há, sim, como explicar essa inquietante relação entre o Deus que flagela pela natureza e seu propósito justo e bom. Eis, então, porque o Senhor determina tragédias por meio da criação e o que essas tragédias podem nos comunicar.

1. As tragédias são peculiares à natureza. A grande maioria dessas tragédias naturais não são manifestações miraculosas, ou seja, elas não contrariam o que já é peculiar às leis naturais. Nem tudo ocorre pelo acaso ou por uma intervenção da mão de Deus em quebrar o fluxo normal da natureza como foi o caso de Sodoma e Gomorra. Tudo obedece às regras definidas no mundo natural. Enchentes, incêndios espontâneos, terremotos, maremotos, erupções vulcânicas podem ser identificados pela ciência e até mesmo, em alguns casos, evitados ou previstos. Todos sabem que o mundo geme por causa do pecado. As desordens e as manifestações belicosas que fazem a natureza voltar-se contra si mesma são resultados do que ocorreu no Éden e demonstram o curso tomado pelos animais, minerais e vegetais. Portanto, não podemos dispensar a possibilidade de a ordem natural do mundo em que vivemos resultar em uma ecatombe. As grandes catástrofes acontecem como fenômeno natural.

2. As tragédias sancionam o juízo de Deus. Dizer que as catástrofes são majoritariamente peculiares à natureza não quer dizer que negamos o controle e a regência do Criador sobre o universo. A providência é real e necessária. Portanto, a mão de Deus também rege as catástrofes da natureza e isso ele faz para trazer juízo sobre o homem. A maioria sabe que o Senhor firmou um pacto que manifesta o seu reino e culmina na expiação de Cristo, mas essa bendita aliança também culmina no juízo eterno. Logo, o pacto trás bênçãos, mas também traz maldições. Assim como as bênçãos podem ser percebidas no cotidiano do crente, essas maldições não serão manifestas apenas no dia do julgamento final. Há hoje em dia, sobre a impiedade humana, centelhas da ira de Deus que se manifestam na entrega sem reservas desse pecador à sua depravação total, ou na promoção da dor e do sofrimento extremo. Aqueles que estão fora da habitação do Espírito do Senhor vivem debaixo dessa santa e justa ira que só estanca quando a salvação de Cristo se torna presente.

Quando há tantas vítimas das tragédias naturais, ali está o juízo de Deus, pois esse Deus soberano derrama do seu furor ainda nos dias de hoje. É por isso que há a necessidade do temor no coração e o profundo respeito ao grande Vingador que também pune com rigor. Não nos enganemos, catástrofes naturais são a manifestação do juízo divino sobre a terra.

3As tragédias sancionam a misericórdia de Deus. Parece contraditório à nossa mente, mas é isso mesmo que ocorre. Como exemplo, podemos falar do plano salvífico de Deus que traz, ao mesmo tempo, salvação e juízo. Ou mesmo nós, como pais, quando disciplinamos os nossos filhos, há ali uma espécie de castigo e, ao mesmo tempo, ação de responsável amor. Ao mesmo tempo em que há a manifestação do juízo, há também a manifestação de sua terna misericórdia sobre os que saem ilesos do temido processo trágico. Nunca esqueço de uma cena que vi pelo noticiário na época do grande tsunami ocorrido no oceano índico em dezembro de 2004. Um bebê que se salvou milagrosamente porque boiou sobre detritos que flutuaram sobre as águas enlameadas. Quando vi os familiares abraçando a criança, não havia como evitar as lágrimas nos olhos e a declaração:

Como Deus é misericordioso!”

De uma maneira ou de outra, Deus manifesta a sua misericórdia e longanimidade diante das calamidades. Até mesmo quando me vejo distante de tanta destruição, percebo o cuidado e o afeto do Senhor sobre a minha vida e a vida dos vivem ao meu redor.

Quero concluir esse texto reafirmando que a soberania divina abarca todas as situações da vida fazendo com que eu entenda o sentido do temor do Senhor e da alegria no Senhor. Ele nunca é injusto, nunca age em desamor, nunca deixou de ser Deus!

Sola Scriptura.

MATARAM DUAS VIDAS POR CAUSA DE UMA!


O tema sobre o aborto foi levantado recentemente por ocasião da menina de nove anos que engravidou de gêmeos de seu padastro inescrupuloso e monstruoso, Jailson José da Silva, que a molestava desde os seis anos de idade em Alagoinha, Pernambuco. O debate esquentou quando o arcebispo de Olinda e Recife, José Cardoso Sobrinho, tentou dissuadir os pais a não permitirem o aborto. Mas a tentativa foi frustrada, além de levantar inúmeras críticas na imprensa. Diante de toda essa celeuma surge a seguinte pergunta:
“O aborto é apenas uma questão ética ou também se trata de uma questão moral”?
De início, eu diria que o ponto principal no caso não é o direito emocional ou psicológico de uma criança tão destruída pela violência. A questão aqui é sobre o direito de dois fetos sobreviverem ou não diante do ocorrido. Eu sei que as emoções tão brutalmente massacradas da criança molestada devem ser tratadas da melhor maneira possível com bons especialistas. Mas isso não dá o direito ao Estado de permitir a morte proposital de dois outros seres humanos. Ou a vida possui valor em essência, ou então podemos relativizá-la dependendo do estágio em que ela se encontra.
Que a gravidez era de risco, isso ninguém discute. Por outro lado, há nos arquivos da medicina casos semelhantes onde a mãe e os bebês sobreviveram. Eu desconfio que a maior motivação para esse aborto não foi o risco em si, mas a maneira como esse risco foi estabelecido, isto é, fruto do abuso de um pedófilo depravado.
Todo aborto é e sempre será um atentado contra a vida humana. O médico e seus auxiliares que realizam-no simplesmente matam covardemente um ser que está totalmente desprovido de força para se defender. Caso os dois fetos nascessem, eles teriam um nome, certidão de nascimento e uma posição dentro da sociedade. É para mim revoltante saber que um ser humano ainda em seu estágio fetal não possui nenhuma segurança quanto á sua sobrevivência nesse mundo. Caso o Estado não saiba, os fetos abortados experimentam a dor física até a morte. Também é nojento ver pessoas que se preocupam tanto com plantas e animais (preocupações legítimas, diga-se de passagem), reivindicando para que não sejam exterminados ou para que não sofram dor, mas que, ao mesmo tempo, afirmam que um feto pode ser descartado em prol do bem-estar da mãe. De onde vem esse direito? Quem o instituiu? Um arbusto ou um golfinho valem mais?
Para mim, duas "crianças" foram exterminadas por causa de uma terceira. Seria mais ou menos como se alguém matasse um adolescente para que o coração dele fosse transplantado para o peito de sua mãe gravemente cardíaca. Caso alguém diga: “mas é diferente”! Eu pergunto: “onde está a diferença? Está no cordão umbilical? Ou no local onde se encontra esse filho? Ou no seu estágio de vida?
A sociedade majoritária tem demonstrado que é, acima de tudo, narcisista. Ninguém possui o direito de matar alguém, isso é o que determina o sexto mandamento. Se a sociedade se apraze em relativizar a vida humana conforme as suas enfermidades morais, isso é contrário à Lei de Deus.
É por isso que para mim, o caso do aborto da criança de Alagoinha está muito acima da ética, é um problema moral! Um problema de pecado contra o doador da vida! Aliás, esse aborto pode muito bem ser definido como um atentado mortal contra duas vidas por causa de uma terceira.
Sola Scriptura.

O PT DIZ SER, MAS NÃO É!


Mais uma vez o governo do PT demonstrou que está encarcerado em sua ideologia de esquerda e seu passado truculento. Como se já não bastasse a impotência diante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e dos desmandos de Evo Morales, Hugo Chávez e Rafael Correa contra o Brasil, temos agora mais dois casos internos que deflagraram a fragilidade do Palácio do Planalto.

O primeiro foi o desastrado caso do terrorista e ex-militante da Organização Proletários Armados pelo Comunismo, Cesare Battisti, que também é responsabilizado por quatro assassinatos cometidos na década de 70. No último dia 13 de janeiro, o Ministro da Justiça, Tarso Genro, o presenteou com a condição de refugiado político no Brasil. Diante dos atos do ministro, não há como evitar a comparação com o caso dos pugilistas cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, deportados sumariamente pelo próprio Tarso Genro que agiu de acordo com os ares que vinham de Cuba, ou melhor, da chácara particular de Fidel Castro.

O segundo caso ocorreu dia 21 de fevereiro quando alguns membros do MST mataram quatro seguranças na zona rural de São Joaquim do Monte, Agreste pernambucano. É lamentável descobrir que o MST é financiado, segundo o Ministro Gilmar Mendes, com dinheiro público. Caso isso seja verdade, são recursos disponibilizados a um movimento que pisoteia a lei e a ordem pública por meio de invasões, assassinatos e depredação do patrimônio público. Só falta agora o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto começar a invadir as residências particulares sob a alegação de que os espaços residenciais são subutilizados por seus proprietários.

É por isso que, na minha avaliação, o governo de Lula diz ser, mas não é. Afirma vivenciar um estado de direito, uma democracia com regras sociais definidas e, ao contrário, demonstra impotência e comprometimento com tudo o que contraria o discurso democrata. Essa é a cara da esquerda multifacial que não consegue viver coerentemente com o que afirma ser por não romper definitivamente com o passado jurássico do Leninismo e do Stalinismo. A camaradagem exigida pelos seus pares é imperativa.

Quando uso o termo multifacial (que poderia também ser chamado de máscaras), minha intenção é compreender os desdobramentos da esquerda que são, diga-se de passagem, absolutamente imprevisíveis. Quem poderia prever quinze anos atrás que a América Latina viveria um regime truculento na Venezuela, ou patético na Bolívia e Paraguai, ou aferrado no Equador? No caso do Brasil, a postura multifacial não é diferente com o atual governo petista.

Diante disso tudo, principalmente dos dois últimos vexames, o que espero é que o STJ seja o raciocínio político coerente para minimizar todos os equívocos deixados pelo caminho.

Que o Soberano Deus tenha misericórdia!

Sola Scriptura.

COMO ME IRRITA TER QUE FINANCIAR A PORCARIA DO CARNAVAL!


O Carnaval é como Copa do Mundo, possui a vocação de iludir os brasileiros fazendo-os pensar que são os melhores do mundo. A mídia aproveita o momento para aumentar a sua audiência e abusa na cobertura, sempre mostrando a mesmice enjoada dos blocos carnavalescos no nordeste ou das escolas de samba no sudeste. A maioria da população entra no frenesi cujas oportunidades concentram-se na utilização das máscaras e das fantasias que manifestam os desejos mais íntimos do coração, principalmente os de ordem sexual ou política.

Nem preciso dizer da promiscuidade que corre solta nas grandes concentrações populares fazendo com que as campanhas oficiais sobre o uso de camisinhas cresçam consideravelmente. Junto com a promiscuidade vem a bebedeira e o uso de entorpecentes, ações que destroem o indivíduo em sua conduta e em sua saúde. Resultado: a festa do Carnaval é uma comemoração repulsiva que só promove a malandragem e a destruição que vêm travestidas de alegria e descontração.

Nisso tudo, o que mais me irrita é o fato dessa festa ser financiada com recursos públicos que poderiam ser aplicados em programas culturais mais construtivos como a música, a pintura, a poesia, a publicação de livros etc. Milhões de reais são literalmente queimados pelas pessoas que desejam apenas extravasar publicamente os seus pecados nessa festa onde tudo pode, inclusive o nu público.

Apenas como exemplo, quero mencionar a prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima. No ano passado, por questões políticas, o Fundo de Participação do Município (FPM) destinado à prefeitura local foi cortado em mais de 50% acarretando grandes transtornos aos munícipes. O ponto mais crítico foi o recolhimento de lixo que diminuiu de três para uma coleta semanal. tornando a cidade literalmente emporcalhada. Não posso negar o empenho do atual prefeito em tentar amenizar o problema que se alastrava para outras áreas como o controle da dengue., mas seus esforços eram praticamente inúteis. Agora vejam só, mesmo diante da calamitosa situação financeira, as verbas destinadas ao chinfrim desfile das escolas de samba boavistense aconteceram sem nenhum prejuízo. Conclusão: o lixo e a dengue podem tomar conta da cidade, mas o miserável Carnaval não pode deixar de acontecer.

É lamentável saber que boa parte das verbas públicas, dinheiro que sai também do meu bolso, serve para subsidiar a bebedeira, a folia, a promiscuidade e os descontroles decorrentes como a violência no trânsito. Além disso temos os exorbitantes gastos extras do Estado no aumento do número de bafômetros, hora extra dos policiais, distribuição gratuita de camisinhas etc. Num país onde a fome ainda persiste e onde a segurança pública e a saúde vivem o caos, é odioso saber que uma atividade tão fútil e tão dispensável como o Carnaval recebe milionárias quantias dos massacrantes impostos que eu e você pagamos.

Como isso me irrita!

Sola Scriptura.

O SERAFINISMO PROPULSOR E O EVOLUCIONISMO


Certa vez um grupo de teólogos se cansou de discutir estritamente sobre Deus e sua revelação e decidiram inovar um pouco mais. Tiveram a brilhante idéia de pesquisar sobre a propulsão dos foguetes espaciais. É claro que eles nada entendiam sobre as substâncias hipergólicas, sobre válvulas de ignição ou sobre o processo de combustão espontânea. Mesmo assim decidiram refletir sobre o fenômeno, afinal de contas, para eles, a Teologia tinha a obrigação de responder a todas as questões da humanidade e isso incluía a descoberta de como os foguetes são impulsionados para cima até atingir o seu destino traçado.

As discussões se tornaram acaloradas e uma decisão fora tomada, o grupo deveria visitar os campos de lançamento para um estudo mais apurado. Começaram por Alcântara, no Maranhão e vibraram com o lançamento do foguete de sondagem VSB-30. Depois visitaram o Cabo Canaveral na ilha Merritt nos Estados Unidos e se surpreenderam com os acontecimentos ali ocorridos. Também visitaram os centros de treinamento bélico e analisaram os mísseis de longa distância.

Feito isso, retornaram à sala de discussão e, de acordo com as anotações feitas durante a observação, iniciaram com segurança a desenvolver uma teoria sobre fenômeno estudado. O primeiro cuidado foi descrever o que viram sobre os lançamentos, principalmente os seguintes aspectos: a direção sempre de baixo para cima; a velocidade; e a labareda que se formava na popa (por assim dizer) do projétil. O resultado foi decisivo ao chegarem a seguinte conclusão:

“Os foguetes são levados por serafins posicionados no motor de propulsão”.

Isso era óbvio, pois os serafins são seres de fogo, voam com seis asas e possuem uma força inimaginável. Além disso, são invisíveis a olho nu. Nada mais lógico do que pensar nessa possibilidade. O grupo de teólogos também encontrou apoio nos místicos e neopentecostais que afirmavam terem visto um ser fumegante atado ao projétil, só não sabiam decifrar se eram seres do bem ou do mal, e para os teólogos eram seres do bem, eram serafins. Com isso concluíram a teoria do serafinismo propulsor.

Após concluírem os trabalhos, escreveram um livro chamado “O fogo dos foguetes”, obra que caiu como uma bomba no meio científico. De início os cientistas tentaram demonstrar que a pesquisa era fraudulenta e que tal assunto não era de competência do conhecimento teológico, mas sim do conhecimento científico. Mas os esforços não deram certo. Logo os seminários teológicos começaram a discutir a teoria tão brilhante e, poucos anos depois, as universidades laicas e centros de pesquisas estavam impregnados com o serafinismo propulsor. Isso prejudicou demasiadamente os trabalhos espaciais e, como resultado, os foguetes não mais puderam ser lançados uma vez que a maioria dos engenheiros apenas clamava para que os serafins pudessem se posicionar nos foguetes e levá-los para o céu.

Talvez você que está lendo essa baboseira deve estar se perguntando:

“Mas que texto mais louco, que ficção mais idiota, lê-lo é perda de tempo, pois uma teoria como essa só poderia surgir da atitude insana de se tentar explicar um acontecimento através de um tipo de conhecimento que não possui nenhuma competência para isso”.

Bem, por incrível que pareça, eu concordo com isso, ou seja, quando um determinado tipo de conhecimento se mete a explicar algo que não é de sua competência, o resultado é, no mínimo, uma loucura risível. E foi exatamente isso que aconteceu no mundo real há exatos 148 anos quando Charles Darwin, após uma viagem pelo mundo, publicou o conhecido livro “A Origem das Espécies”. Sua atitude soberba demonstrou a crendice de que a ciência, como um conhecimento, deveria explicar tudo na vida.

Convenhamos, quando se trata sobre o tema “origens”, a ciência é o único tipo de conhecimento total e absolutamente incompetente para responder a pergunta: “de onde e como viemos?” Darwin, obviamente, estava influenciado pelo mito da cientificidade do século XIX. E por causa disso ousou inventar um absurdo para decifrar o que já por muitos séculos era suficientemente respondido, ou seja, que tudo veio das mãos de um Criador Inteligente. E por que o evolucionismo foi e é um absurdo? Absurdo porque contraria a Lei da Termodinâmica (veja que se trata de uma lei e não uma teoria); absurdo porque favorece o acaso diante de uma natureza tão complexa e precisa; absurdo porque tenta adivinhar o que aconteceu há milhões de anos; absurdo porque explica o passado remotíssimo pelo presente; absurdo porque agrilhoa os fósseis encontrados nos sítios arqueológicos a um esquema ilógico.

O mais triste dessa história é ver teólogos humanistas que cedem ao canto da sereia e inventam um absurdo maior ainda, e eu diria até, um monstro disforme e anencéfalo conhecido como evolucionismo teísta.

Que a ciência, como conhecimento factual, é incompetente para responder questões sobre origens, disso não tenho dúvidas. Se ainda fosse a Filosofia ou o Senso Comum, daria para se debater o assunto. Todavia, com a ciência é seguramente impossível qualquer debate.

Mas porque uma teoria tão desconcertante vigora até hoje? Em minha opinião, o que sempre esteve por trás de tudo isso é exatamente o espírito humanista que encontra o seu nascedouro no período da Alta Idade Média. O século XIX, que se estende até os dias de hoje, não podia admitir a criação como o último reduto de Deus como conhecimento verdadeiro. Seu destronamento deveria ocorrer nessa área também para que o naturalismo imperasse totalmente. Essa foi e tem sido as motivações para que o evolucionismo - que tanto estrago causou a humanidade em outros saberes como a economia, a sociologia ou a história - perdure impávido diante de uma lógica muito mais coerente. É importante ressaltar que a motivação de Charles Darwin teve início na empreitada de se anular Deus de qualquer evento natural, mesmo que houvesse a aceitação do deísmo.

Conclusivamente digo, assim como a parábola da teoria serafinista propulsora seria execrada por todos, até por outros teólogos mais sensatos, coerentes e honestos, da mesma forma o evolucionismo tem sido execrado por muitos, inclusive por cientistas sensatos, coerentes e honestos que não permanecem escravos de uma ideologia antideus, inquisitória e que a tudo suprime.

Duzentos anos se passaram desde o nascimento de Charles Darwin e, para mim, suas pesquisas e teorias são tão risíveis quanto a dos teólogos hipotéticos que, por não terem mais nada o que fazer, empurraram goela a baixo o serafinismo propulsor como teoria a ser seguida pela ciência e por todos.

Sola Scriptura.

OS TNH E O NEOHUMANISMO VIGENTE NO CRISTIANISMO BRASILEIRO


Ao lançarmos o nosso olhar para o reduto evangélico, termo por demais desgastado, descobriremos vários sabores ofertados na praça. Do mais insosso ao mais salgado, do liberal ao neopentecostal, do tradicional ao movimento gospel, há muito com o que rir, chorar ou até indignar-se com o inusitado ou com o surreal.

Dentre esse varejão de ofertas quero destacar um estilo que tem se projetado com muita competência na mídia brasileira e na Internet. Trata-se daqueles que costumo chamar de teólogos neohumanistas (doravante TNH), ou seja, indivíduos que constantemente canibalizam as ciências sociais e outros saberes humanos em detrimento de uma interpretação sincera, humilde, honesta e inegociável das Escrituras. São pessoas que se envolvem com o canto da sereia, com a arapuca das vaidades e, por ingenuidade ou loucura, arrotam expressões ou termos científicos superficialmente decorados para encorpar os discursos que enaltecem, prioritariamente, o humano. O resultado é que esse miserável humano é estabelecido como um ídolo no lugar de Deus.

Mas o que seriam os TNH? Quais as suas características? Em que se diferenciam ou se igualam a outros movimentos ditos cristãos? Para que possamos identifica-los, quero propor três características que são facilmente percebidas nesse “neomovimento”:

1. Os TNH SEMPRE REJEITAM O ANTIGO: este talvez seja a característica mais forte. Seus discursos inflamados sempre bombardeiam o conhecimento teológico construído ao longo da trajetória da Igreja na terra. As vociferações ocorrem por não suportarem a virilidade teológica que defende a inquestionável soberania de Deus manifesta em seu ato criador e, consequentemente, estendida por intermédio da Providência divina. Um exemplo dessa atitude é a declaração de um TNH acerca de um presbítero amigo meu, um servo de Deus sério e comprometido com a Verdade:

...ele apareceu por lá e acabou Presbítero na igreja que meu pai pastoreava. E, naquele tempo, ele já era como ele é: um presbiteriano chato e meticulosamente interessado em letras e não em vida. Vida para ele é comportamento...., não é ser..., não é amar..., não é verdade como sinceridade..., não é nada além de acertos de doutrinas e de condutismo moral superficial. (vide)

Fica claro o tipo de “evangelho” proposto aqui. Aliás, não é o Evangelho das Escrituras, mas sim Cacangelho (“más notícias”) da carne devido ao seu caráter corrosivo e desrespeitoso para com o próximo. Sempre detonam com a Igreja existente, mas se esquecem que, apesar dos problemas, tais Igrejas fazem parte do corpo de Cristo. Não atinam para o contexto das igrejas de Corinto ou Laodicéia que, apesar dos graves problemas, nunca foram identificadas como reduto composto apenas por canalhas. Não! Reconhecia-se que alí habitava também povo eleito.

A impressão que fica é a de que os TNH se imaginam como um tipo de “neorreformadores” salvadores do Reino de Cristo. Sempre se percebem como o novo alvorecer, o frescor da vida até então suprimida, a dádiva dos céus para um mundo sem a ação do Espírito Santo. É como se todo o projeto divino para a humanidade dependesse dos TNH para fazer sentido à mentalidade “pós-moderna” (um dos termos preferidos por esse grupo).

2. OS TNH COLOCAM-SE ACIMA DO BEM E DO MAL. Todos os que não se alinham ao pensamento desse grupo são tratados como escória da humanidade, tachados de pessoas sem amor, sem vida, sem consideração, sem ética, sem sentimento, sem tudo que é nobre, bom ou sublime. Rotulam-nos de fariseus que atuam pela falsidade e intenções escusas. Acusam-nos de brutos e irracionais, agentes da carnalidade e de Satanás. É nesse contexto que os TNH se acham acima do bem e do mal.

Além das críticas desumanas, eles também relativizam os seus próprios problemas morais. Sempre se sentem no direito de maquiar os próprios pecados de adultério, de divórcio, de rebelião contra a igreja ou denominação, de cisma baseado em pressupostos subjetivos, e por aí vai. Tudo feito em nome de uma "graça" barateada e destituída do tremor e temor (medo e pavor) de Deus. Massacram sem piedade aqueles que os criticam, fazendo de cada crítico um pecador carnal repleto (ou vazio?) de desamor e desafeto. Mas eles mesmos se esquecem dos seus próprios erros tratando-os com suavidade. Um TNH, ao ser confrontado por sua posição, escreveu:

Hoje, acordei querendo gritar: Meu Deus, quanta infantilidade. Meu Deus, quanta maldade. Há uma turminha bem mediocrizinha que caminha nos corredores escuros do mundo eclesiástico. Eles são ferozes. Já senti a força de seus ódios, mesmo quando estão bem envernizados de um pieguismo doce. Outrora eu me ressentia com suas investidas dissimuladas. Temia seus processos inquisitórios e exílios programáticos. Contudo, cheguei a um tempo em que a idade (ou foram os desencantos?) me levou a dar de ombros para essas censuras que nascem da inveja. (vide)

Como se percebe, alertam tanto para a suposta truculência alheia, mas escamoteiam as suas próprias brutalidades. Para eles, os outros é que são “turminha mediocrizinha (sic)”, são os “piegas e dissimulados do mal”. Nesse roldão, criticam fortemente a Teologia Reformada como se esta fosse ranzinza, cruel e legalista. Como é que uma teologia pode ser isso e algo mais se o seu fulcro é a graça de Deus? Aliás, estou para ver uma teologia que ressalte com tanta veemência a graça de Deus como a Teologia Reformada. Ela afirma constantemente sobre a depravação total do humano e a intervenção soberana de Deus que age por puro amor e misericórdia. Portanto, o caminho da graça proposto pelos TNH é capenga e eivado por pressupostos seculares e até pagãos. Não há graça lá, o que há é a teoria irresponsável que faz do temível Senhor um inocente Papai Noel ou um Gepeto que busca construir o futuro com seu filho Pinóquio. É como escreveu um famoso TNH:

Essa coisa de “Deus tem um plano para cada criatura” é incoerente em relação à fé cristã, pois seres criados à imagem e semelhança de Deus não podem ser privados da liberdade. Ou os seres humanos são responsáveis pelos seus destinos, ou não podem ser julgados moralmente. (vide)

3. OS TNH FAZEM DO HUMANISMO A SUA BASE ÚLTIMA. Aqui encontramos a fundamentação do conhecimento puramente humano. A Bíblia é totalmente substituída pela lógica pagã ou pela cosmovisão da Ciência da Religião, da Filosofia (capenga, diga-se de passagem), da Literatura ou das Ciências Sociais. Não quero dizer com isso que lançar mão de outros saberes para se compreender o mundo que vivemos como produto das mãos do Criador seja um erro. Mas utilizá-los como critério primeiro é, no mínimo, absurdo. Fazem o humano ser a medida de todas as coisas, impregnando seus textos com o pensamento de esquerda. Psicanalizam tudo como se Freud fosse o grande mago que a tudo explica. Vale ressaltar que, nesse sentido, as produções supostamente intelecualizadas são ultrapassadas quando comparadas com as discussões atuais das academias. Muitos TNH ainda patinam no ultrapassado Sartre com sua angústia existencial, aliás, “existencial” é outro termo predileto deles. As recentes descobertas que fizeram de Nietzsche, Foucault, Paulo Neruda ou Rubem Alves faz com que se embriaguem em seus destilados mortais.

Em minha opinião, os TNH não são outra coisa senão um tipo de Erasmo de Rotterdam redivido. Isso porque ser humanista de esquerda hoje é ser popular e elegante, é ser como um Arnaldo Jabor. O objetivo final é impressionar os pobres confusos com um discurso que a tudo explica ou interpreta pelo viés humano. É isso que promove o sucesso oriundo das explicações que fazem sentido à mente humana,. Eles suprimem a Verdade singular quando esta apresenta, em alguns momentos, aparente contradição. Mal sabem que essas aparentes contradições são compreendidas pela doutrina da soberania de Deus em contraste com a nossa lógica binária limitadíssima. Em suma, os TNH reduzem a revelação ao crivo da mente humana que é imperfeita e absolutamente míope quando se trata das características pertencentes ao Eterno Deus.

Quero concluir essa postagem trazendo um recente texto publicado por um TNH sobre polarizações. Nele encontramos a tricotomização de uma denominação específica, a Igreja Presbiteriana do Brasil. Segundo ele, os três grupos são formados pelos politicamente corretos que abandonaram a denominação (claro que o articulista faz parte dessa “sublime” confraria); pelos esdrúxulos neopentecostais; e pelos fundamentalistas nomeados de Nicodemus. Eis a citação:

De lá para cá houve polarizações: de um lado estão os “universais presbiterianos”, que são assim como o seu pastor: nem se declaram neo-pentecostais e nem deixam de ser; e, do outro lado, estão os Nicodemus... (vide)

Mas o que seria grupo Nicodemus? Para quem não sabe, o Dr. Augustus Nicodemus Lopes é um servo de Deus que sempre foi coerente com as suas convicções bíblicas e teológicas. Tive o privilégio de conhecê-lo em 1985 quando ainda ele era um recém graduado do Seminário Presbiteriano do Norte. Na época fui seu aluno de Introdução ao NT e Metodologia Científica. Hoje esse precioso irmão é um pensador de peso e suas produções em muito tem ajudado na compreensão das Escrituras. Posso afirmar que, apesar do tempo que passou, trata-se da mesma pessoa divertida, crente, compromissada com o Reino e, acima de tudo, um homem temente a Deus.

Nesse contexto, se o TNH acima identifica o grupo presbiteriano com a pessoa do Nicodemus, ou seja, se ser Nicodemus é ser coerente com as Escrituras, se ser Nicodemus é ser ético em tudo que fala e faz, se ser Nicodemus é ser casado com a mesma mulher até o fim da vida, se ser Nicodemus é lutar contra a secularização, se ser Nicodemus é viver pela graça de Deus, se ser Nicodemus é ter compromisso com todo o conselho de Deus, então posso afirmar que sou o mais entusiasmado do grupo Nicodemus e sempre manterei distância segura dos TNH para que meu coração não seja contaminado.

SOLA SCRIPTURA
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...