A MÚSICA NO CULTO

A música no culto, longe de ser um assunto pacífico, sempre foi um terreno de grandes debates. Desde os primórdios da Igreja, cantar ao Senhor tem sido grande desafio, pois o que se deve expressar é unicamente a Palavra de Deus, nada mais. Acontece que nem sempre é assim. Muitos se reúnem para prestar culto a Deus, mas fazem da música o seu momento particular, cantam músicas que satisfazem ao coração humano em detrimento da rígida preocupação com aquilo que o Senhor Deus está ouvindo ao ser adorado.

Mas, afinal de contas, o que vem a ser música? Fazer uma definição sobre o que vem a ser a música do ponto de vista humano é praticamente impossível, embora ela esteja presente na natureza abundantemente. Por outro lado, a música foi criada por Deus com a finalidade de promover a Sua glória. Isto não anula o fato de ela ser uma forte expressão cultural que reflete, inclusive, a tendência social vigente. A música pode ser, em linhas gerais: erudita, popular ou folclórica quanto ao ritmo e à poesia.

Boa parte da Igreja hoje possui a tendência de estabelecer a seguinte divisão: “música mundana” e “música evangélica”, como se a evangélica, em sua natureza, é sempre boa enquanto a mundana é sempre essencialmente má. Não concordo com esta visão maniqueísta, prefiro pensar que existe a música apropriada (íntegra) e a música inapropriada (corrompida), não interessando o tema que aborda. Ou seja, eu posso ouvir uma música que fala sobre a natureza, a roça, o amor genuíno entre um homem e uma mulher e perceber ali verdades que apontam para o Senhor Deus, ao mesmo tempo em que posso ouvir uma música que aborda o Senhor Deus e Seu Reino e perceber nela mentiras e heresias que nos distanciam da Verdade de Cristo.

É importante ressaltar que a música no culto deve se adequar ao momento solene. Uma determinada composição pode ser verdadeira, mas isto não significa que está automaticamente adequada ao momento da adoração a Deus. No culto a Igreja tem o dever de cantar somente as Escrituras

Em linhas gerais, a música é a junção de dois pontos: a impressão e a expressão. A impressão está ligada ao ritmo, ao tom (maior ou menor), ao gênero musical etc. A expressão é o argumento apresentado, o conjunto de fé que se professa, é o texto lido enquanto cantamos. Portanto a música é a união da melodia e a mensagem. E é exatamente aqui que o problema começa, pois a tendência litúrgica atual mostra que as preferências ligadas à música cantada no culto solene valorizam muito mais a impressão acima da expressão. Não importa se eu canto “doce Espírito, doce Espírito, vem nos inundar numa onda de louvor”, pois se a melodia com o seu ritmo me fazem bem, então não importa se a frase cantada não faz o menor sentido para a Igreja reunida.

Para provar o que estou dizendo, trago alguns exemplos estabelecendo o contraste entre a música e à teologia revelada nas Escrituras:

Música: “Espírito, oh, Espírito, nós te invocamos, poder de Deus.” ou “Eu creio em Deus Pai, Senhor Todo-Poderoso. Eu creio no Filho, Unigênito de Deus. Eu creio no Espirito Santo, poder enviado a nós dos céus.”
Escrituras: O Espírito Santo já foi derramado e habita em nós, não há a necessidade de invoca-lo. Ele não é o poder de Deus, Ele é Deus.

Música: “Transforma a minha vida, me faz um milagre, me toca nessa hora, me chama para fora, ressuscita-me.”
Escrituras: O crente foi transformado no momento da sua conversão quando ressuscitou e assentou-se nos lugares celestiais em Cristo. Pedir por isto novamente é diminuir a obra de Cristo realizada em nós no passado.

Música: “Pai, como achaste a Davi, vem e derrama sobre mim o óleo precioso da unção.”
Escrituras: O crente já foi ungido pelo Senhor quando derramou o Espírito Santo no momento da conversão, fazendo-o um sacerdote real.

Música: “Quebra as cadeias, quebra as correntes, quebra os grilhões e as amarras, vem derrama a paz em cada coração, em nossos corações.” ou “Ao sentir teu toque por tua bondade, libertas meu ser no calor deste lugar.” ou ainda “Deixa o teu rio, passar em minha vida e curar minhas feridas, sarar as minha dores, livra-me ó Deus, das cadeias que me prendem, toca em minha'alma,faz de mim o teu querer, Senhor.”
Escrituras: A Verdade do Evangelho de Cristo já nos libertou de todas as correntes e o Senhor já nos deu a paz ao sermos justificados.

Música: “Que o teu reino venha sobre nós...”
Escrituras: O crente já habita o Reino de Deus desde a sua conversão.

Música: “Desde o dia em que aceitei Jesus, um mundo novo se abriu para mim.”
Escrituras: Não fomos nós que aceitamos a Cristo, Ele nos aceitou mediante o Seu sacrifício vicário na cruz.

Música: “Meu amigo, hoje tens a escolha, vida ou morte, qual vais aceitar? Amanhã pode ser muito tarde, hoje Cristo te quer libertar.” ou “Deixa a luz do céu entrar, deixa o sol em ti nascer; abre o coração que, Cristo vai entrar e o sol em ti nascer.”
Escrituras: Não é o pecador que escolhe a Cristo, deixando-o entrar no coração, é o Senhor Deus quem nos escolheu e nos alcançou por meio da santa vocação.

Música: “Quero fazer valer Tua palavra em mim pra que o doente tenha onde se curar.”
Escrituras: Não há em nenhum lugar afirmando que o crente cura as enfermidades alheias simplesmente por viver a Lei do Senhor.

Música: “Eu tô pagando o preço pra morar no céu. Eu tô pagando, eu vou lutando, eu vou chorando, cada detalhe o Senhor está somando.”
Escrituras: O crente é salvo pela graça e não por obras, e ele não vai morar somente no céu, mas no novo céu e na nova terra.

Sutil, mas danoso e devastador. Estes são apenas exemplos do perigo que a Igreja corre ao deturpar as Escrituras e cantar mentiras acerca de Deus e do Seu Reino. O crente precisa temer a Deus e cuidar para que a música não o faça pecar. Ele deve observar o que o Senhor ordena a nós:

“Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca.” (Salmo 119.4);

“Tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás, nem diminuirás.” (Deuteronômio 12.32);

“Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro.” (Apocalipse 22.18,19);

Muitos justificam as afirmações estranhas na letra das músicas destinadas ao culto afirmando que tudo não passa de liberdade poética. Claro que a poesia possui uma linguagem peculiar, os Salmos, por exemplo, demonstram isso, mas não podemos cantar mentiras diante do Senhor em nome da poesia. Cantar o que não encontramos nas Escrituras, fazer afirmações contrárias ao que encontramos na Palavra é utilizar a mentira para tentar agradar ao Senhor da Verdade. É pecar no momento em que a nossa vida deveria estar santificada. Isso é desrespeitar a Cristo em nome das nossas preferências rítmicas e melódicas.

Estejamos atentos a tudo isso. Que a melodia envolvente não seja uma armadilha satânica para que pequemos diante dAquele que deve ser adorado em espírito e em verdade. Devemos cantar SOMENTE as Escrituras no culto, sejamos radicais nisto!


Sola Scriptura
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