O mundo ainda está atônito com o fenômeno Obama. O que parecia inusitado e até impossível aconteceu. Os Estados Unidos terão no ano que vem um presidente negro. E como se isso não bastasse, o futuro presidente faz parte de um clã queniano, possuía uma mãe desajustada, cresceu na Indonésia com o padrasto, professou o islamismo, foi criado posteriormente pela avó, na adolescência usou drogas e era o aluno problema no senior high school. Com a sua vitória nas urnas, que iconoclastia estamos presenciando na política do norte. Temos que concordar que o melancólico final do governo Bush fechou com chave de papelão para si mesmo (refiro-me, não a Obama, mas sim à rejeição popular).
1. O fenômeno Obama tornou-se um tipo de personalismo. Ao longo da campanha presidencial, desde as prévias do Partido Democrata, houve a tendência de convergir toda realidade fundamental à pessoa de Obama. Todo o sistema político passou a se basear no líder recém evidenciado. Essa tendência possui a vocação de conceder poderes muito acima do convencional a uma única pessoa. Ironicamente, a maioria do Congresso é Democrata, o que avulta o processo na prática. Isso é preocupante pois esses fenômenos já são conhecidos nas terras baixas da América. Claro que Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e o casal Kirchner são gabarolas e fanfarrões, Obama é infinitamente mais sofisticado. Mas se não houver humildade suficiente em seu coração e mente, seu governo será perigoso e até dissimuladamente despótico, uma vez que a sua pessoa já personifica o governo. O resto só depende do tempo.
2. O fenômeno Obama é um governo de esquerda. Isso ocorre não só porque se trata do Partido Democrata, mas também pelas idéias progressistas de seu membro mais ilustre. As campanhas favoráveis ao aborto, ao casamento de pessoas do mesmo sexo, ao uso de células-tronco para futuras terapias, ao divórcio, à relativização da Lei divina etc. são marcas registradas desse futuro governo. Para mim isso é lamentável, pois subsidia e até incentiva práticas que corroem a vontade preceptiva de Deus. Uma significativa parcela dos estadunidenses são firmes e irremovíveis quanto à Lei do Senhor, mas a poderosa nação se caustifica do centro para fora. Valores morais desvalorizam-se gradativamente, fazendo dos Estados Unidos uma grande Califórnia. Nesse contexto acredito que Obama e sua maioria no Congresso irá rolar ladeira abaixo com tudo que há de precioso e correto naquela sociedade.
3. O fenômeno Obama apresenta-se como um tipo de messianismo. Há aqui uma sensível diferença para com o personalismo. Enquanto este converge todo o poder para o líder, aquele faz dele um provedor das esperanças populares. O mundo se dizia farto do jeito texano de ser de George W. Bush. Sua rejeição é histórica. Além disso, os graves problemas econômicos voltados às linhas de créditos recrudesceram ainda mais os opositores. Esse foi o cenário perfeito para que um "messias" pudesse assumir o governo. Pessoalmente creio que, no geral, McCain e sua mccainete, a governadora Sarah Palin, seriam melhores, tanto aos Estados Unidos, como ao Brasil. Mas a impopularidade do Partido Republicano chegou a extremos, criando no sistema de representações do povo a necessidade de um “salvador da pátria”. Algumas frases de efeito como “sim nós podemos”, “mudança, podemos crer nisso”, “Obama, tempo de mudança” ou “a mudança chegou à América” são sintomas e, ao mesmo tempo, alimento a esse messianismo estadunidense.
Concluo dizendo que o meu desejo é que tudo ocorra contra as circunstâncias e que minha análise esteja equivocada. Espero também que as complicações da vida pregressa de Obama estejam só no passado. Torço para que a maquiagem da campanha, que fez dele um bom moço, não tenha sido exagerada demais. Minha oração é que o Senhor Deus seja diretamente glorificado no próximo governo dos Estados Unidos. Somente assim teremos um tempo de tranqüilidade. Mas se minhas suspeitas procedem, teremos um avalanche de problemas de ordem moral, política e social com proporções mundiais.
13 comentários:
Caro Alfredo,
Muito bom o seu post. A única coisa que não concordo é que o candidato republicano fosse tão melhor. Talvez menos ruim por muito pouco. rsrs
Tô brincando!
A situação realmente é séria e alarmante em muitos sentidos. Quem acompanha os artigos e programas de Olavo de Carvalho, não consegue imaginar, diante de tantos fatos, que esse governo será bom para o cristianismo.
Se você observar, verá que a opinião pública rejeitou algumas dessas posições ante-cristãs de Obama. Todavia, ao mesmo tempo, o elegem como presidente e dão maioria para o governo, no poder legislativo.
O que é isso? Não sabem votar, é simples assim! Nós reclamamos que o povo brasileiro não sabe votar devido a sua baixa escolaridade, mas o povo americano com toda a escolaridade que tem, também não sabe votar!
Abraço
Renan
Caro Alfredo:
Excelente análise. Eu estou prestes a escrever um blog sobre as eleições americanas e vou linkar com o seu, pois expressa bem o que entendo da situação.
O meu "browser" é o explorer. Nele o seu texto saíu com as letras acentuadas criptografadas. Você está postando em Fire-fox, ou outro? Já visualizou no explorer?
Um abraço fraterno. Senti sua falta no Encontro da Fè Reformada.
Solano
Olá meu irmão Rev. Dr. Alfredo, obrigado por este artigo, pois o mesmo me está sendo útil para uma análise das Eleições Americas.
Que Deus continue abençoando o irmão. E que de fato estejamos errados quanto a Obama, caso
contrario os principios do Reletivismo tende a ampliar pelo governo Norte Americano.
Que nos fortaleça.
Oi Duda
Obrigada pelo e mail e reflexão sobre Obama. Vamos aguardar o resultado de tudo isso.
Lenita
Grande Renan,
tenho percebido que os continentes americanos estão partindo para uma postura bastante complicada. E pelo que vejo, nem o Tio Sam escapou, embora continue sofisticado. Temo muito quando posições de esquerda começam a dominar o cenário nos governos mundiais, ao mesmo tempo em que a posição de direita é demonizada, criando-se a necessidade do exorcismo político e social.
Eu não tenho boas expectativas sobre o governo Obama, mas espero que o Senhor use de misericórdia.
Um grande abraço
Querido Solano,
aguardarei a sua postagem, pois tenho certeza que será de excelente nível.
De fato eu uso o Firefox e, como recomendado, abri no Explorer e não houve problemas. Mas para evitar situações trazidas por você (obrigado por isso) passarei a usar o navegador da MS.
Um grande abraço.
Querido Thiago,
obrigado pelos comentários tão preciosos.
Um forte abraço.
Parabéns pelo post, Alfredo! Partilho das mesmas inquietações que você.
Grande abraço!
Rev. Alfredo,
Parabéns pelo post! Me impressiona como esses fenômenos messiânicos se repetem na nossa história. O terceiro tópico de seu post me fez recordar o sebastianismo português. Acredito que assim como os portugueses os americanos criaram o D. Sebastião deles, e pior, acredito no fim estarão frustrados como aqueles, como bem escreveu o Presb. Solano no Tempora.
Dentro dessa perspectiva de futuro descrita por ti, gostaria de fazer uma pergunta ao senhor como historiador: Não seria a vitória de Obama nas eleições americanas um revigorar de pós-modernismo precipitadamente dado como morto? No meu engatinhar acadêmico tenho ouvido da parte de alguns que deste o fatídico 11 de setembro onde as Torres Gêmeas foram destruídas nos teríamos passado para um novo momento histórico, um dito “pós-pós-moderismo”.
Em Cristo,
Alexandre
Querida Norma,
que prazer tê-la em meu espaço. Muitas saudades.
Caro Alexandre,
muito bom o seu comentário. Com relação à sua pergunta, ao meu ver, o termo pós-moderno precisa ser compreendido em seu contexto. Se nos referimos à modernidade como a expressão máxima do cartesianismo e do katismo como epistemologia, então o termo faz sentido inclusive em Marx e Nietzsche. A pós-modernidade seriam todos os pensamentos desde Hegel até Bourdieu e Geertz. Já com relação à política, nós ainda vivemos as idéias que vêem desde Maquiavel. Nesse caso, estamos ainda num chamado "gigantesco dezenovismo" onde cada setor mantém seu legado. O que ocorreu nos Estados Unidos foi uma repetição daquilo que já ocorre na América Latina desde sempre e na Europa no pós-Primeira Guerra. Nas eleições de John Kennedy já houve uma amostra de que isso seria possível, mas em Obama acredito que eles foram mais ousados.
Um forte abraço.
Presado pastor Alfredo,
Agradeço muito ter me colocado na sua lista de e-mail. Tenho apreciado seus comentários. Li a postagem que se refere ao nosso presidente, e creio que sentimos muitos das mesmas preocupações a respeito da sua pessoa. A crise financeira traz dificuldades para tantas pessoas e o governo corre atráz de soluções, mas nem menciona a possibilidade, melhor
a necessidade de rogar a Deus por Sua misericôrdia.
Que Deus abençoe ricamente o trabalho do irmão, e sua preciosa família.
(Tomei a liberdade de passar o endereço de seu blog spot para meu filho
Timoteo. )
Patricio
Querido Rev. Patrício,
a honra é toda minha em tê-lo aqui neste espaço.
Forte abraço.
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