UMA VIAGEM REFLEXIVA!

Certa vez eu estava em Manaus para mais uma reunião do Presbitério. Naquela época as igrejas em Roraima pertenciam ao extinto PRAR (Presbitério Amazonas-Roraima), e a maioria das reuniões acontecia na capital amazonense. Após o término do concílio, eu e um pastor amigo tomamos um ônibus de volta para casa. Seriam 12 horas ao longo da BR 174, estrada que corta a densa selva amazônica ao fazer a ligação entre as cidades de Boa Vista e Manaus.

Por causa da paisagem exuberante e o bom papo, a viagem foi tranqüila até certo ponto do trecho. No finalzinho da tarde chegamos a um lugarejo conhecido como Quilômetro Quinhentos para a última refeição do dia. Tudo estaria normal se não fosse pelo alvoroço de muitos diante de um pequeno aparelho de TV que ficava em um canto do restaurante. Perguntei do que se tratava, pois ao longo da viagem estávamos isolados do mundo externo, mas as respostas foram confusas. Alguns falavam em queda de aviões, outros mencionavam sobre bombas lançadas em Nova Iorque... “Que confusão” pensava eu. Mas qual não foi o meu impacto quando, estarrecido, vi diante de meus olhos as Torres Gêmeas esfarelarem como se fossem feitas de areia. Fiquei congelado ao ver a destruição total dos majestosos prédios que anos atrás havia visitado com minha esposa pela última vez.

Ao retornar ao ônibus não consegui ouvir o espanto dos demais passageiros, a única frase que ecoava sem parar em minha mente foi: “As Torres Gêmeas não existem mais...” Sim, aquele dia era o 11 de Setembro de 2001!

Refeito do choque, embora não completamente, passei a refletir sobre a hecatombe e o que eu poderia aprender com tudo aquilo. Confesso que os pensamentos vieram como um turbilhão, sem dúvidas era muita coisa em minha mente. Mas ao sistematizá-los hoje, creio que assim se organiza o meu raciocínio daquele momento:

Em primeiro lugar, os atentados de 11 de Setembro me ensinaram que nem tudo que parece ser eterno na verdade o é. Para quem conhecia o complexo do World Trade Center situado no Lower Manhattan concordava que aquelas imponentes torres pareciam ser eternas, não só pela solidez da construção, como também pelo simbolismo que traziam ao sistema capitalista. Mas elas ruíram, e ruíram com apenas 28 anos de idade! Isso me fez repensar na época sobre meus conceitos de eternidade e de apego à matéria. Quem poderia prever o fim da eternidade forjada pela mente humana? O que dizer do fim dos grandes impérios do passado como o de Roma, por exemplo. E mais, quem poderia prever a evaporação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas? Sim, nada é eterno a não ser que haja a mão do Eterno sustentador. Nesse contexto faz sentido o que o salmista diz: “O Senhor é Rei eterno, da sua terra somem-se as nações”. O que é, de fato, eterno? Não é o efêmero com aparência de para-sempre. O único eterno é o Senhor Deus, e nEle qualquer um pode viver para sempre! Quanto tempo perdemos investindo força e dinheiro em objetos passageiros que queimarão por completo no Dia do Senhor. O mais coerente e seguro é galgar nossa vida naquilo que é eterno, naquilo que viverá para sempre.

Em segundo lugar, os atentados de 11 de Setembro me ensinaram que a maldade do homem sempre nos surpreende. Tenho quase certeza de que o serviço de segurança estadunidense subestimou os limites da maldade humana. Por mais que o mundo pareça-nos de vez em quando cor-de-rosa, o que impera é a depravação do pecado. Nunca podemos esquecer sobre a capacidade do coração para a crueldade, do que ele é capaz. Matar milhares de pessoas apenas em nome de um ideal é o mais absurdo de todas as mesquinhezas, mas o homem foi e é capaz disso! O profeta Jeremias já nos advertiu dizendo: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” Bondade verdadeira somente no Senhor Deus, e nEle qualquer um pode se tornar bom! Tiago nos diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” Somente nEle, e não no homem, é que essa afirmação se torna verdadeira. Somente no Senhor qualquer um pode se tornar bom.

Em terceiro e último lugar, os atentados de 11 de Setembro me ensinaram que não há nada seguro fora do Senhor. Fico pensando naquelas pessoas que saíram para trabalhar, tomaram um meio de transporte, atravessaram o saguão, subiram pelo elevador, entraram no escritório e pronto! Estavam em um dos andares das torres do World Trade Center, estavam em um lugar seguro. Que triste engano para todos eles naquele dia fatídico... Morreram num covarde ataque terrorista! O salmista mais uma vez nos adverte: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o Nome do Senhor, nosso Deus.” Onde está a nossa confiança final? Na tecnologia? Ou na destreza do homem? Ou na nossa esperteza? Que nada, nossa confiança só é coerente quando está no Deus Todo-Poderoso! Somente Ele é a segurança certa e verdadeira. É claro que esta confiança não significa ausência de provações, ao contrário, no mundo teremos aflições. Mas quando fitamos o nosso olhar no Mestre, a vitória dEle se torna a nossa vitória.

Bem, isso foi o que se passou pela minha mente naquele restante de viagem. Pude pensar que este mundo não encerra tudo, mas que tenho uma eternidade com o meu Salvador; que sou um grande pecador, mas transformado em bom pelo poder soberano do meu Escolhedor; que a despeito daquilo que me cerca, seguro estou em meu Protetor.

Neste momento em que se comemora os 10 anos dos atentados do 11 de Setembro, meu profundo respeito às famílias das vítimas; meu total repúdio a qualquer ato terrorista, não importando as motivações; e minha confirmação de que somente no Senhor a vida faz sentido e em sua Lei vale a pena cultivar a bendita esperança.

Oremos pela paz, vivamos no Senhor!

Sola Scriptura.

4 comentários:

Ademir disse...

Bom dia Reverendo Alfredo.

Gostei muito do artigo e também do blog, Parabens!

Abraço.

Ely Pascoal disse...

Ola Pastor Alfredo

Muito pertinente a reflexao . Eu também fiquei atonito quando vi a terrivel cena do aviao entrando na torre. Minha primeira impressao não é verdade. Isso é filme de ficcao. Mas eu estava enganado. Eu nao concebia o nivel e a extensao da maldade humana. Hoje nao não mais me surpreende.

Um abraço afetuoso e saudacoes a familia.

Joscelino dos Santos disse...

Ola meu irmão!

Parabéns pelo Blog e pelo texto em questão! Muito bem elaborado e muito me edificou. Pretendo usar o primeiro ponto na pastoral do Boletim de domingo, mas citarei a fonte. Deus abençoe e um bom final de semana!

Anônimo disse...

Alfredo,

Eu gostei muito do seu texto sobre o 11 de setembro. Utilizei parte dele no Boletim da minha igreja.

Saudade. Abração,

Mike.

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