Quero tratar aqui sobre um assunto que já se tornou
tabu em vários ambientes evangélicos. Tabu porque afronta o cotidiano já legalizado
entre as mulheres que se afirmam cristãs. Tabu porque contesta a omissão dos maridos. Tabu porque contraria aquilo que é propalado
por uma liderança evangélica que se preocupa muito mais em demonstrar a leveza da
sofisticação moderna do que demonstrar a profundidade radical das Escrituras.
A sociedade sempre impõe a sua tirania sobre si
mesma, vitimando as pessoas que são incapazes de dizer não a tais imposições. Pessoas que não estabelecem uma resistência corajosa contra os valores coletivos
antibíblicos. Alguns exemplos disso são a tirania da estética que impõe sobre todos nós a visão de que a velhice é uma praga contra o corpo, ou a tirania esquelética que faz da celulite,
manifestação normalíssima no corpo da mulher, uma marca maldita e ultrajante. Neste
mesmo tom, a coletividade também impõe sobre todos nós deveres femininos que
estão totalmente ausentes nas Escrituras. Refiro-me especificamente ao trabalho
fora do lar. E este é o ponto que desejo discutir aqui.
O quadro familiar hoje é preocupante. Mães estão
abandonando seus filhos nas mãos de estranhos para se tornarem provedoras do
lar. Em 2008 já escrevi sobre este assunto onde tratei sobre as
responsabilidades pela morte de três crianças em creches brasileiras (vide
texto). É impressionante como esta prática está disseminada e estabelecida fazendo
da simples permanência na casa e ser doméstica uma atitude retrógrada e inaceitável.
Em outras palavras, a sociedade braveja dizendo que é errado ser exclusivamente
mãe e esposa.
Nunca é demais repetir que tal percepção contraria
o que as Escrituras dizem com simplicidade sobre o dever do marido: ser o
provedor, da mãe: ser a cuidadora do lar, e dos filhos: serem criados neste ambiente.
Vejamos rapidamente a teologia bíblica por trás disso, começando por Gênesis 1 –
3.
O trabalho provedor do homem foi determinado antes
do pecado quando “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o
cultivar e o guardar.” No
momento logo após a entrada do pecado no mundo, quando há a manifestação do
juízo de Deus em Gênesis 3, o trabalho do homem, que já existia, torna-se um
peso doloroso. O mesmo acontece com a mulher que já possuía a capacidade de
gerar filhos e concebê-los por meio do trabalho de parto: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos,
multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a.” Por ocasião do juízo divino, o trabalho feminino
já existente se transforma em algo pesado e doloroso da mesma forma como
ocorrera ao homem: “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez;
em meio de dores darás à luz filhos (trabalho de mãe); o teu desejo será para o teu marido, e ele
te governará (trabalho de esposa).”
Quando a graça de Deus se
manifestou na vida de seus eleitos, percebemos que as atividades continuam
intactas. A única diferença é que a maldição se torna novamente uma bênção conforme o Salmo 128: “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e
anda nos seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo
te irá bem (o trabalho masculino). Tua
esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos,
como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa (o trabalho feminino). Eis como será abençoado o homem que teme
ao SENHOR!”
Eu poderia aprofundar
mais esta análise, mas o que foi dito até aqui já é suficiente para demonstrar
qual o papel da mulher, conforme Paulo escreve na carta de Tito: “Quanto às mulheres idosas, semelhantemente,
que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito
vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a
amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de
casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja
difamada.”
Dito isto, voltemos à preocupação inicial sobre o fato das mães abandonarem seus filhos nas mãos de estranhos para buscar a provisão fora de casa. Todos
concordam que nenhuma mulher é obrigada com a faca no pescoço a casar e a ter filhos, mas quando
há esta escolha, não há como conciliar a vida doméstica com a carreira profissional.
Sempre uma das escolhas será vencedora em detrimento da outra. Também não há
como negar que a responsabilidade da criação dos filhos é exclusivamente dos
pais, tendo a mãe como presença constante para esta função uma vez que o pai
está ausente a maior parte do dia buscando o sustento da família.
“Neste caso, a mulher não pode exercer nenhum
trabalho extra família?” Perguntariam alguns. A resposta a esta indagação
precisa ser dada mediante o fato de que a obrigação da esposa e mãe é a de
criar os filhos e a de cuidar do lar. Por outro lado, precisamos lembrar que há
um momento na vida dos filhos em que estes passam a dedicar um período do dia à
escola e a outras atividades educacionais. Neste caso, no horário em que os
filhos estão fora de casa juntamente com o marido que está no trabalho, a esposa
e mãe pode nestas horas vagas, caso queira, exercer uma atividade lucrativa ou
exclusivamente ministerial ou ainda para o deleite pessoal. Sempre lembrando que
o horário na presença dos filhos não pode, sob hipótese alguma, ser sacrificado.
É uma atividade que só pode acontecer nas horas vagas.
Qual é a sensação de muitos diante deste texto? Creio que a sensação de
muitos está de acordo com o que eu afirmei no início ao mencionar que se trata
de um assunto tabu que leva à ira aqueles que são incapazes de
estabelecer uma resistência corajosa contra os valores coletivos antibíblicos. É
aqui que entra o texto de Paulo, ao afirmar: “E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” O texto bíblico diz que devemos ser como uma esfera de aço inamoldável diante
do mundo, sendo, ao mesmo tempo, uma esfera de massa moldável para com a
vontade de Deus. Portanto, não se trata de trabalhar ou não, mas se trata de obedecer
as Escrituras ou não. Isto é que está em jogo.
Que sejamos corajosos em
trazer sobre os ombros os valores da família segundo o Evangelho de Cristo. Que
as nossas valorosas irmãs sejam heroínas no combate contra os modelos sociais
que agem contra o seu corpo, contra a sua inteligência e contra a sua piedade. Que haja a
consciência de que o modelo bíblico gera a bem-aventurança na promoção de vidas
submissas ao Deus que deve ser glorificado. Que cada marido dirija seu lar não
permitindo que sua amada esposa peque contra a Palavra de Deus. Ao contrário,
que cada marido seja um participante da vida comum do lar, sendo o tempo todo o
amparo de Deus no serviço à sua esposa e aos seus filhos.
Sola
Scriptura.
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