No dia 9 deste mês o Brasil foi surpreendido com a notícia da prisão nos Estados Unidos de dois líderes de uma famosa denominação neopentecostal por não declararem US$ 56.000,00. Não há novidade neste tipo de prática, pois muitos guias religiosos são denunciados, detidos e acusados de todo tipo de fraude. Porém este novo fato fez com que eu lembrasse da advertência das Escrituras sobre o pecado da ganância na esfera do ministério exercido por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro (1 Tm 6: 5). Também fez com que eu refletisse sobre a urgência do testemunho que nós, pastores e líderes, devemos dar à sociedade e à própria igreja.
O mal da ganância não é novidade. Desde a oficialização da religião cristã em Roma no século IV, líderes cristãos buscaram o prestígio, a pompa e a riqueza sob protesto de alguns fiéis que detectavam o distanciamento da igreja para com o Evangelho. Vale notar que a exacerbação deste mal veio acompanhada do misticismo, da magia, da tradição (práticas carnais comunicáveis ao povo embora fossem estranhas à Bíblia) e do fortalecimento da igreja como instituição humana em detrimento do poder divino. É impressionante a continuidade histórica entre este período remoto e os movimentos neopentecostais em sua maioria.
Contrastando com o vício da usura, trago a advertência de Paulo aos pastores de Éfeso em Atos 20: 17 – 38. Destaco o final da parênese nos versos 33 a 35 que diz: “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: ‘Mais bem-aventurado é dar que receber’.” A exortação é firme confirmada pelo próprio testemunho do Apóstolo que, no meu entender, pode ser definida nos seguintes pontos:
1. Utilizar o ministério para enriquecer é imoral.
Este ponto é mais que conhecido entre nós quando Deus nos impede de utilizar seus dons para a busca da riqueza como um fim em si mesmo. Pastorado não é profissão, é um dom dado por Cristo para a edificação da Igreja. Embora o Estado classifique o sacerdócio ou o ministério de culto como meio de vida, sabemos que no Evangelho não é assim. Claro que “devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5: 17), mas isto é para que possam gozar de tempo para a dedicação exclusiva ao ministério;
2. Viver do ministério é um direito, mas não um dever.
Conheço crentes que torcem o rosto quando se fala em pastores que trabalham secularmente. Eu não vejo desta forma, pois Paulo mesmo trabalhou para obter sustento para si e para os que com ele estavam. Não é pecado um pastor trabalhar, creio até que, hoje em dia, seja um bom testemunho alguém exercer uma profissão além do ministério. É óbvio que há limites para isso, pois seria complicado alguém ser pastor e comissário de bordo internacional ao mesmo tempo. Nada pode obstruir o ministério e o tempo que lhe é devido, aliás, este princípio não deve ser apenas ao pastor, mas a todo crente inserido no Corpo de Cristo. Todavia, um trabalho que seja visto como extensão do ministério é sempre bem-vindo e, ao mesmo tempo, protege contra os ataques daqueles que generalizam a ganância pastoral. O pastor possui o direito bíblico de viver integralmente do seu ministério, mas isso não é uma obrigação;
3. Melhor que lucrar é doar os bens por amor ao ministério.
É desta forma que Lucas encerra o discurso de Paulo. Sua visão não era obter com o ministério, mas doar-se incondicionalmente ao Reino de Deus. Antes de pensar em lucrar, o líder deve avaliar a oportunidade em socorrer os necessitados com o dinheiro adquirido (veja que o contexto mostra o trabalho secular de Paulo). Alguns exemplos seriam: o trabalho missionário, os crentes necessitados, os colegas carentes, as igrejas humildes etc.
Quão distante está a realidades de alguns líderes milionários (em dólares) e o princípio de Paulo. É um vexame perceber a infâmia daqueles que desglorificam o bom nome da igreja e dos que são reconhecidos como evangélicos. Resta-nos o consolo do julgamento divino sobre os que maculam o evangelho ao longo da história. Com certeza esses tais ouvirão do reto Juiz: “Ai dos pastores (...) que se apascentam a si mesmos!” (Ez 34: 2).
Sola Scriptura
O mal da ganância não é novidade. Desde a oficialização da religião cristã em Roma no século IV, líderes cristãos buscaram o prestígio, a pompa e a riqueza sob protesto de alguns fiéis que detectavam o distanciamento da igreja para com o Evangelho. Vale notar que a exacerbação deste mal veio acompanhada do misticismo, da magia, da tradição (práticas carnais comunicáveis ao povo embora fossem estranhas à Bíblia) e do fortalecimento da igreja como instituição humana em detrimento do poder divino. É impressionante a continuidade histórica entre este período remoto e os movimentos neopentecostais em sua maioria.
Contrastando com o vício da usura, trago a advertência de Paulo aos pastores de Éfeso em Atos 20: 17 – 38. Destaco o final da parênese nos versos 33 a 35 que diz: “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: ‘Mais bem-aventurado é dar que receber’.” A exortação é firme confirmada pelo próprio testemunho do Apóstolo que, no meu entender, pode ser definida nos seguintes pontos:
1. Utilizar o ministério para enriquecer é imoral.
Este ponto é mais que conhecido entre nós quando Deus nos impede de utilizar seus dons para a busca da riqueza como um fim em si mesmo. Pastorado não é profissão, é um dom dado por Cristo para a edificação da Igreja. Embora o Estado classifique o sacerdócio ou o ministério de culto como meio de vida, sabemos que no Evangelho não é assim. Claro que “devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5: 17), mas isto é para que possam gozar de tempo para a dedicação exclusiva ao ministério;
2. Viver do ministério é um direito, mas não um dever.
Conheço crentes que torcem o rosto quando se fala em pastores que trabalham secularmente. Eu não vejo desta forma, pois Paulo mesmo trabalhou para obter sustento para si e para os que com ele estavam. Não é pecado um pastor trabalhar, creio até que, hoje em dia, seja um bom testemunho alguém exercer uma profissão além do ministério. É óbvio que há limites para isso, pois seria complicado alguém ser pastor e comissário de bordo internacional ao mesmo tempo. Nada pode obstruir o ministério e o tempo que lhe é devido, aliás, este princípio não deve ser apenas ao pastor, mas a todo crente inserido no Corpo de Cristo. Todavia, um trabalho que seja visto como extensão do ministério é sempre bem-vindo e, ao mesmo tempo, protege contra os ataques daqueles que generalizam a ganância pastoral. O pastor possui o direito bíblico de viver integralmente do seu ministério, mas isso não é uma obrigação;
3. Melhor que lucrar é doar os bens por amor ao ministério.
É desta forma que Lucas encerra o discurso de Paulo. Sua visão não era obter com o ministério, mas doar-se incondicionalmente ao Reino de Deus. Antes de pensar em lucrar, o líder deve avaliar a oportunidade em socorrer os necessitados com o dinheiro adquirido (veja que o contexto mostra o trabalho secular de Paulo). Alguns exemplos seriam: o trabalho missionário, os crentes necessitados, os colegas carentes, as igrejas humildes etc.
Quão distante está a realidades de alguns líderes milionários (em dólares) e o princípio de Paulo. É um vexame perceber a infâmia daqueles que desglorificam o bom nome da igreja e dos que são reconhecidos como evangélicos. Resta-nos o consolo do julgamento divino sobre os que maculam o evangelho ao longo da história. Com certeza esses tais ouvirão do reto Juiz: “Ai dos pastores (...) que se apascentam a si mesmos!” (Ez 34: 2).
Sola Scriptura
14 comentários:
Caro Alfredo:
Muito bom post, tratando de um assunto que é relevante e que nos deixa entristecidos. Tenho, nesses últimos dias, olhado o canal da Renascer. Fico impressionado com o número de pessoas sinceras envolvidas naquela comunidade. Eles estão reprisando várias palestras da dupla dinâmica. Às vezes me pergunto se eles não têm repetido por tanto tempo essa fórmula malsã que chegam a "enganar-se a si mesmos". Outra coisa que chama atenção - a glossolália em frase ejaculatórias, sem passar pelo devido "transe" que normalmente acompanha esse tipo de manifestação. Essa é uma característica muito presente e crescente no meio - as frases são borrifadas, no meio da "pregação". Fico também impressionado com as frases declaratórias - Deus cabou de fazer isso aqui... Diga essas três frases... Pronto, Deus acabou de lhe libertar... Pergunto-me: onde anda todo esse poder - será que não funciona em Miami, só em São Paulo?
Um abraço,
Solano
Eu me envergonho muito quando vejo esse tipo de notícia na TV. Não do Evangelho, me envergonho de responder que sou evangélica quando perguntam.
Enganando as ovelhas para obter lucro, essas pessoas dão um mau testemunho para o resto do mundo, criando mais barreiras para disseminação do Evangelho e causando até mesmo repulsa por parte dos descrentes em relação as coisas de Deus. O crédito de Igrejas sérias e compromissadas é abalado e todo crente é taxado de alienado, ou no mínimo, ingênuo.
Eu sei que isso não vai impedir o crescimento e a propagação do Reino de Deus, mas atrapalha, envegonha e entristece quem tem trabalhado para o Senhor.
Excelente colocação, infelizmente ser fiel a Seara de Deus, deixou a desejar... já bastante tempo. Creio que seguir e servir a Cristo, só se lê em Atos 2. Deus me perdôe, em nome do seu Filho Amado Jesus Cristo. Não estou julgando, mas, tudo começa quando o cristão e porque não dizer: o crente,inicia a caminhada de forma terrível quando o amor ágape não é o principal em sua vida e quando os frutos do espírito não são visíveis. Não se percebe transformação. Hoje é esse pr e esposa, de forma terrível ele tenta apresentar almas para Deus com o coração na concupscência da carne, sim, visto que todo pecado vem pelo olhar e atinge o coração, "o espírito está pronta mas a carne é fraca" ou melhor dizendo é podre, não suporta. Não devemos nos conformar com este século, mas estamos nos dias maus. É tempo de sujar-se mais ou limpar-se mais. Então, mas no congregai-vos, observamos que existe um grande pecado bailando entre nós. Muitas vezes a indiferença, outras vezes achar que é da mídia e portanto não deve se envolver com os mais humildes, sem contar com os que se acham mais sábios(as), mais intelectuais, como se o reino de Deus está preparado por categoria.Ele não faz acepção de pessoas. Portanto, pecado é pecado. Isso muito me entristece, em vez de sermos brasas vivas, estamos apagando ou sendo apagados pela prepotência de muitos, o que é pior, quantos procuram estar em ministérios para mostrar a cara de santo com mãos para o alto e Jesus à direita de Deus, sofrendo e quem sabe dizendo: Filho! Filha! mas envolvimento, como o querido pr mencionou: trabalho missionário, os necessitados, as igrejas humildes. Tudo acontece quando as igrejas vão sem saber para onde e sem sentido do que fazer. Desculpa-me a msg ou seja o desabafo, mas o seu texto estar de parabéns, quem sabe alguem desperta do sono espiritual ou sonha que estar caindo no inferno e desperta com um sentido de lucro, lucro de buscar almas para que Deus tenha misericórdia e as salve, já que está escrito em Jeremias que todas as almas são suas.abs yo
Alfredo.
Já dei feed-back no assunto Pinochet, Jece Valadão,Caso Hernandes e gostaria de ler comentários sobre Sandan,gracias.
Yo.
Olá Pastor Alfredo!
Obrigada pelo envio do artigo gostei, é muito difícil quando vemos uma reportagem envolvendo a Ingreja em atos fraudulentos. Sabemos que o homem gosta de curtir um nível de adrenalina elevado" Pentecostal", e sabemos a grandeza da nossa fé. A pregação do evagelho é uma transformação de carater mas, ao mesmo tempo o ministério da igreja depende muito da area financeira, e fica complicado quando recebe doações de pessoas, que a maioria das vezes, age ilicitamente contra as leis. Não é fácíl avaliar atos desse nível.
Um grande abraço na Sandra, Ana, João Vitor e a você.
Perpétua
Grande Solano, como você comentou, as ações chegam a ser bizarras para não dizer hilárias. É triste e, ao mesmo tempo, irritante.
Êmili, é vergonhoso mesmo, pena que os causadores não possuem pejo.
Um abraço.
é triste,vergonhoso tanto pra eles pra pra nós,pq pra sociedade evangélicos são todos iguais,a coisa vai piorar pro nosso lado hoje domindo,quando passar no fantástico tudo sobre eles,e pra globo falar de nós,é como vc sempre fala : É COCA COLA NA GARGANTA!!!
Prezado irmmão, Rev Alfredo (famoso Duda). Sou José João, que conviveu com vocês em 1977 aí em Boa vista. Li seu artigo e sei que vivemos numa época pós-moderna em que há um falso evangelho da imitação que nada mais é do que diabólico, com o propósisto de confundir o evangelho da cruz. É uma materialismo em nome de uma capa religiosa. Um dos papéis do anti-cristo é o da imitação. Esses líderes trapaceiros são os líderes desses movimentos diabólicos e precisamos ter muito cuidado. O neopentecostalismo é um grande instrumento para tal ardil satânico. Deus lhe abençoe.
Um forte abraço.
oi gente,
bem acho que a mídia deve ter exagerado um pouco na intenção de deixar a
matéria mais interessante para o público (aliás deve ser muito interessante
para os não crentes ver escandalos com os evangélicos).
enfim, o casal hernandes vacilou de qualquer forma, os crentes devem ser
vigilantes.
té+
Dayane e Rev. José João obrigado pelos comentários.
Bem, quanto ao comentário do Marcelo, concordo que a mídia é caracterizada pelo sensacionalismo e a fabricação de "fatos". Mas no caso em questão não há como negar a falcatrua articulada pela dupla dinâmica.
Ananias e Safira na Tela Krente
Não é de hoje que tentam enganar o Espírito Santo, pois "tendo aparência de piedade, negando, entretanto, o poder" acabam enganando a si mesmos, caindo na síndrome de Balaão - pervertando a graça em grana.
Concordo com o Pb. solano: eles já devem até estar acreditando nas próprias mentiras. E quem é mesmo o pai desta?
Porém mesmo que os tais agora padeçam na carne a gravidade do seu pecado, que no fim seja a restauração de Deus a dar a última palavra em suas vidas - I Co 5.5
Pessoal, eu estava viajando, daí o meu silêncio, mas já estou de volta. Obrigado pela participação de todos nos comentários.
Rev. Alfredo,
Foi um post que toca no ponto certo da ferida dos que querem transformar o minitério pastoral em profissão que visa os resultados mercadológicos.
Estamos num periodo difícil para os pastores que querem manter a postura de servos de Deus e não administradores ou executivos de empresas que só devem trazer resultados e mais resultados.
A glória de Deus e a edificação do Corpo de Cristo são os únicos resultados que devemos pedir a Deus em todas as nossas orações. (1 Tm 6: 1-10).
Abraços,
e Parabéns...
Renan
SÃO PAULO, JMC
Querido Renan, obrigado pelo comentário e incentivo. Meu Blogg anda meio parado devido à escassez de tempo (pastoreio e doutorado), mas espero escrever em breve. Você sempre será bem-vindo aqui.
Um abraço.
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