REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DO NAMORO

Como estamos no mês dos namorados, quero tratar sobre esta prática bastante comum em nossa cultura ocidental. Primeiramente, desejo dizer que sou contra o modelo utilizado por nossa cultura brasileira, ou seja, um relacionamento recheado de beijos bucais e abraços eróticos que só promovem a excitação sexual e a defraudação. Um casal de namorados realmente crente deve banir do relacionamento qualquer contato físico que provoque a excitação sexual, por mais leve ou inocente que pareça, pois Paulo trata sobre a ofensa e a defraudação sexual em 1 Tessalonicenses 4: 6 – 8.

...e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. Dessarte, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo.

A Bíblia proíbe, portanto, qualquer defraudação, pois não há dúvidas de que se trata de pecado diante do Senhor Deus. Beijo na boca, apalpadelas indecentes e entonação sensual da voz estão terminantemente proibidos no namoro.

Então o que significa o namoro crente? Trata-se daquele período onde o diálogo, a oração, a leitura das Escrituras e a comunhão com os pais são as ações principais, período este destituídos de qualquer contato físico que promovam, por menor que seja, a excitação sexual.

Dito isto, a reflexão proposta aqui é sobre a escolha do futuro cônjuge, uma vez que muitos jovens cultivam dúvidas quanto ao assunto. Dúvidas que promovem a seguinte pergunta: “como saber a vontade de Deus para saber como e com quem devo me casar”?

O como já tratamos no início desta postagem. Quanto ao quem, há muito que dizer. Ao contrário daquilo que muitos pensam, esta importante escolha não ocorre por uma revelação vinda do alto ou por um sonho de uma noite de verão. Ela ocorre por uma utilização da inteligência que possui como lastro as Sagradas Escrituras e a confiança na ação de Deus que responde a nossa oração conforme o amor, a justiça e a misericórdia.

Indo direto ao assunto, quero propor aqui cinco critérios para a escolha daquele ou daquela que caminhará conosco até o fim da vida:

Compatibilidade de fé: Para que duas pessoas pensem em casamento devem, a rigor, saber que iniciar um relacionamento com descrente é, indiscutivelmente, estar em pecado diante do Senhor Deus. A Lei divina é clara quanto a isso: é proibido o ajuntamento entre um crente e um descrente. Muitos tentam relativizar este princípio indelével e caro ao Senhor que adotou para si mesmo a exclusividade de seus filhos. Mas o jugo desigual é abominação. Isto posto, também acredito que devemos pensar em jugo “desigual” (aspeado mesmo) entre duas pessoas que se denominam evangélicos. O ponto a se ponderar é a teologia envolvida que, via de regra, são opostas em aspectos que envolvem a eclesiologia (visão de igreja, liturgia, forma de batismo etc.) e pneumatologia (doutrina que trata do Espírito Santo). Não tenho dúvidas que o casamento entre um arminiano e um reformado ou entre um conservador e um pentecostal certamente gerará problemas no relacionamento salvo quando um abre mão completamente de suas convicções, pelo menos quanto às práticas. Quando alguém busca sua outra metade deve ter certeza de que a teologia envolvida é semelhante. Embora não esteja diretamente ligado à fé, outro aspecto que deve ser levado em consideração é a compatibilidade intelectual. Não significa dizer que ambos tenham o mesmo nível de graduação na Universidade, mas considerar que discrepâncias nesta área causam enorme barreira no relacionamento.

Anuência dos pais: A participação dos pais nesta escolha não se limita a um pequeno detalhe ou prática de somenos. Todo jovem crente deve pedir autorização do pai e da mãe, bem como dos sogros em potencial. A lógica é muito simples, trata-se dos futuros avós dos filhos que virão no futuro. Ambos serão parte ativa da família neste convívio que durará até a morte. Neste contexto alguns perguntam “e quando os pais não são crentes e proíbem movidos por motivos mesquinhos?” Bem, isso não dá liberdade para a desobediência. Lembremos aquilo que Salomão afirma: Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer” (Pv 21: 1). Isso significa dizer que assim como um humilde agricultor pode mudar o curso das águas de um riacho para regar a sua plantação, o Senhor Deus possui o coração do homem mais importante e temido da sociedade em sua mãos. Quando os pais, mesmo descrentes proíbem, independente de suas motivações, o jovem deve orar ao Senhor para que mude o coração de ambos. Se for da vontade do Pai, haverá mudança, caso contrário, é melhor desistir.

Visão de futuro: Imaginemos o seguinte: a moça possui chamado para trabalhar no Camboja como missionária, já o rapaz pretende ser um profissional liberal na cidade onde vivem. Muitos diriam: “mas o importante é que se amam muito e, no final das contas, acertarão as arestas, certo?” Errado! Este critério deve ser descoberto com muita conversa, pois, das duas, uma, ou um desiste numa boa de seus projetos de vida, ou haverá grande frustração ao longo da vida. O período denominado de namoro não deve ser utilizado para contato físico, deve ser utilizado para muita conversa e oração para que venham a tona estas questões.


Qualidade no relacionamento: Observe qual é o nível e a qualidade do envolvimento que o seu pretendente possui com a igreja e, principalmente, com a família. Neste último temos a radiografia daquilo que a pessoa será dentro de casa com o futuro cônjuge. Se se mostra uma pessoa atenciosa, carinhosa e preocupada com o bem-estar, isso pode significar uma pessoa boa para se conviver. Mas se se mostra uma pessoa desatenta, grosseira e indiferente, então cuidado. O mesmo pode ser observado no relacionamento com a igreja. Veja o envolvimento e a conduta no ministério (se a moça não é mandona e se o moço não é um frouxo). Veja também se se trata de um crente envolvido, assíduo nos trabalhos da igreja ou se é um da turma da periferia que não possui nenhum compromisso efetivo. De quebra veja algumas práticas relacionadas ao caráter: fofoca, maledicência, temperamento, dissimulação, mentira etc.


Tempo de namoro: Quando sinto fome, procuro comida. Quando sinto sede, procuro água (ou um refrigerante light). O mesmo princípio se aplica ao namoro pois quando desejo me casar, devo procurar alguém de Deus para isso. É absolutamente pouco inteligente alguém iniciar um namoro tendo como prioridade um curso acadêmico com duração de cinco anos ou a construção de uma casa pelo período de seis anos. Se alguém inicia um namoro significa que o casamento é sua prioridade zero num curto espaço de tempo. Ninguém deve namorar por um período menor que dois anos e mais de três anos. A falta de objetivos promove o relacionamento perigoso que, com o passar do tempo, leva ao pecado sexual (que vai do beijo bucal ao coito). Ninguém deve namorar por namorar, se se inicia o namoro, isso significa que o casamento passou a ser a minha prioridade zero quanto ao meu futuro. Lembro também que ninguém deve namorar com pouca idade. O correto é ele ter 21 anos e ela 20 anos no mínimo.

Concluo esta postagem fazendo os seguintes acréscimos: primeiro, em um relacionamento, a paixão deve ser o último critério a ser considerado, aliás, nem deveria ser critério para a escolha. Quando falo paixão, sentimento que se baseia apenas na atração física, isso não deve ser confundido com o amor, sentimento que inclui e ultrapassa a atração física, abrangendo todo o ser. Este amor completo, sim, deve ser utilizado como critério na escolha. Segundo, o homem deve sempre demonstrar maturidade com Deus maior ou semelhante a da mulher, nunca aquém. E, terceiro, sempre deve haver o acompanhamento e aconselhamento feito por um pastor ou um casal experiente.

Acredito que se os jovens crentes seguirem estes princípios, certamente terão grandes chances de constituir um matrimônio maduro e abençoado pelo Senhor Deus.

Sola Scriptura.

7 comentários:

Anônimo disse...

Você vai achar que estou exagerando quando penso que tem cristãos que lerão isso e dirão: "nossa, que pastor radical, fundamentalista e farizeu"?!
É uma tristeza pensar que esses mesmos cristãos dirão no futuro: "se eu tivesse seguido os conselhos daquele pastor e obedecido a bíblia...".
Deus tenha misericórdia dos nossos jovens.
Um abraço, querido!

FláviaBGS disse...

Muito bom!!!!

Escritora Raquel Pinheiro disse...

eu concordo plenamente com esta postagem sobre este assunto pois a maioria dos jovens estão banalizando a etica cristã com respeito ao namoro cristão que ja parece mais pagão

Unknown disse...

Olá pastor, fico muito feliz em ler esse post. obrigada por expor o que a biblia traz em relação ao namoro. me sinto muito extimulada em obedecer a Deus e fico grata a ele por esclarecer as coisas que preciso saber. O senhor tem lhe usado grandimente na minha vida e relacionamento.

Anônimo disse...

Pastor, não conhecia nenhum texto do senhor, felizmente li e gostei muito desse, tenho uma pergunta: Comecei a namorar aos 17 anos, hoje tenho 20 e pretendo me casar aos 22 anos com minha noiva que hoje possui 24 anos, temos 2 anos e oito meses de namoro, somos cristãos ativos e infelizmente o nosso relacionamento está imoral, o que podemos fazer para resolvermos tal situação sem termos que terminar o namoro? Afinal a gente se ama!
Grato!
Aguardo retorno.

Alfredo de Souza disse...

Caro Anônimo.

Meu conselho é simples neste caso, pois só há três atitudes a serem tomadas:

A primeira seria evitar o contato físico até o casamento, mas desconfio que será praticamente impossível para vocês devido ao tempo de relacionamento;

A segunda seria terminar o namoro numa decisão radical conforme Mateus 5:29,30, mas acredito que não haveria disposição para tal;

Neste caso, creio que a terceira atitude seria o casamento imediato para que não haja mais o pecado da fornicação, acredito que esta seria a melhor saída para vocês. Casem imediatamente, pois esta é a meta estabelecida por vocês mesmos.

Um grande abraço.

Anônimo disse...

Bom dia, pastor Alfredo.
Eu sou de Belém do Pará e faço a seguinte pergunta:

A anuência (ou autorização) dos pais ou responsáveis é devida mesmo quando os filhos já são independentes e possuem suas próprias casas, carros e renda ou não é mais necessária?

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