Toda virada de ano promove, na maioria das pessoas,
a reflexão por tudo aquilo que foi vivido no ano anterior. São os momentos
reconstruídos na memória, principalmente aqueles que causaram dor, desconforto,
frustração ou grande indignação. Isso mesmo, nossa tendência é sempre lembrar
os momentos ruins e, conse- quentemente, procurar exorcizá-los para que não se
repitam no novo ano que se inicia. Também somos tentados a pensar que tais
momentos não deveriam ter acontecido, afinal de contas bênção é sempre associada
à saúde plena, ao dinheiro fácil e ao conforto absoluto. Isso ocorre devido à
nossa cultura do individual, do consumo e do hedonismo, ou seja, bênção é tudo
que vai ao encontro do sistema capitalista, ausência de bênção é tudo o que vai
de encontro deste sistema. Não é por este motivo que as igrejas que prometem
solução imediata ao sofrimento crescem assustadoramente?
Mas se formos honestos com as Sagradas Escrituras veremos
que não é este o sistema de Deus. É claro que a saúde, os bens de consumo e o
conforto podem ser bênção do alto, mas as tribulações também o são dependendo
do contexto.
Quando lidamos com a trajetória redentiva
estabelecida por meio da aliança da graça divina percebemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito, não importando se promovem o
bem-estar ou o sofrimento do crente. O Senhor Deus preserva e governa soberanamente
todas as coisas, incluindo seu plano redentivo. Logo, todos os seus eleitos
estão incluídos neste plano perfeito para que toda a glória seja dada ao
Todo-Poderoso. O autor de Hebreus demonstra um pouco do que argumento aqui:
E que
mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para referir o que há a
respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos
profetas, os quais, por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça,
obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do fogo,
escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em
guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros. Mulheres receberam, pela
ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu
resgate, para obterem superior ressurreição; outros, por sua vez, passaram pela
prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados,
provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos,
vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados
(homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos
montes, pelas covas, pelos antros da terra. Ora, todos estes que obtiveram bom
testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por
haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não
fossem aperfeiçoados.
(Hebreus 11: 32 – 40)
E quanto a nós? O texto que segue se aplica aos
eleitos contemporâneos:
Portanto,
também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas,
desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia,
corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria
que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que
suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos
fatigueis, desmaiando em vossa alma.
(Hebreus 12: 1 – 3)
Por isso cada crente deve olhar para os sofrimentos
do ano que se encerrou e se perguntar onde, neles, ocorreu o progresso do Reino
e da minha esperança. Se 2012 foi ruim do ponto de vista do conforto e da
prosperidade, certamente foi perfeito para o cumprimento da vontade de Deus.
Nossa oração deve ser submissa ao Senhor. Nossa
súplica deve ser:
“Senhor,
livra-me de todo o sofrimento neste novo ano, mas se devo passar pelo dia mal,
pelo vale da sombra da morte, então me fortalece e faça com que eu creia que Tu
estás comigo em todos os momentos. Glorifica Teu Santo Nome na minha vida!”
Com este texto desejo um 2013 abençoado a todos,
mesmo que esta bênção ocorra por meio do sofrimento e da perseguição.
Sola Scriptura.
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